O Papa Francisco foi submetido a exames e iniciou tratamento farmacológico no hospital para uma infeção do trato respiratório. Devido ao internamento, os eventos agendados para os próximos dias, incluindo o Jubileu dos Artistas, tiveram de ser cancelados.
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"Após o agravamento da bronquite nos últimos dias", o Papa Francisco, que foi internado no Hospital Agostino Gemelli, em Roma, na manhã de sexta-feira, "foi submetido a exames especializados e iniciou tratamento farmacológico hospitalar", lê-se num comunicado divulgado pelo "Vatican News". "Os exames iniciais indicam uma infeção do trato respiratório. O seu estado clínico é estável, com febre ligeira".
O pontífice argentino, que assumiu a liderança da Igreja Católica em 2013, esta hospitalizado numa suite utilizada exclusivamente por Papas, que tem a sua própria capela.
Em declarações aos jornalistas, Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, afirmou que o Papa "está tranquilo, está bem-disposto e leu alguns jornais".
Após o internamento para tratar a bronquite, foram feitos ajustes nos próximos eventos do Jubileu. "A Audiência Jubilar agendada para amanhã, 15 de fevereiro, foi cancelada. A Santa Missa do Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura, agendada para domingo, 16 de fevereiro, será presidida por Sua Eminência o Cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação. Além disso, o encontro com os artistas, originalmente previsto para segunda-feira na Cinecittà, não se realizará devido à impossibilidade de comparência do Papa”, continua o comunicado.
O Papa sofre de bronquite há vários dias, como o próprio disse durante algumas audições públicas, tendo mesmo pedido a assessores que lessem as suas homilías nas duas últimas Audiências Gerais de quarta-feira, entre outros eventos.
Antes disso, no dia 6 de fevereiro, o Vaticano divulgou que o Papa sofria de bronquite e iria realizar as suas audiências na sua residência na Casa Santa Marta.
Vários problemas de saúde
Francisco, que teve parte de um dos pulmões removido quando era jovem, luta há muito tempo contra problemas de saúde.
Na Sexta-Feira Santa do ano passado, cancelou um evento depois de ter apanhado uma "gripe ligeira", mas continuou a liderar os serviços religiosos de Páscoa como planeado.
Um ano antes, em março de 2023, Francisco foi internado durante três noites com bronquite, que foi curada com antibióticos. Outro surto de bronquite fê-lo cancelar uma visita ao Dubai em dezembro de 2023 para participar na conferência climática COP28 das Nações Unidas.
O Papa foi também operado a uma hérnia em junho de 2023 e em 2021 foi submetido a uma cirurgia a um tipo de diverticulite, uma inflamação de bolsas que se desenvolvem no revestimento do intestino.
Usa cadeira de rodas desde 2022 por causa de dores persistentes no joelho e usa bengala nos raros momentos em que está de pé.
Francisco também caiu algumas vezes nos últimos meses, magoando o antebraço em janeiro e exibindo um grande hematoma no maxilar direito em dezembro, provocado por uma queda da cama.
Apesar dos seus problemas de saúde, Francisco raramente descansa. Em setembro de 2024, completou uma viagem por quatro países da Ásia-Pacífico, a mais longa do seu papado em termos de duração e distância. Nunca tira férias e mantém uma agenda preenchida, por vezes com uma dúzia de reuniões numa só manhã.
Os seus problemas de saúde geram frequentemente especulações sobre o seu futuro, principalmente depois de o seu antecessor Bento XVI ter renunciado devido a problemas de saúde em 2013.
Embora Francisco tenha deixado em aberto a opção de se demitir caso não consiga exercer as suas funções, disse que, para já, não irá a lado nenhum. Num livro de memórias publicado no ano passado, o papa escreveu que "não tinha nenhuma causa suficientemente séria para me fazer pensar em renunciar". A demissão é uma "possibilidade distante" que só se justificaria em caso de "impedimento físico grave", escreveu.