O Papa Francisco passou uma noite calma no hospital, depois de ter sido internado com uma infeção respiratória, está melhor e "voltou ao trabalho", anunciou esta quinta-feira o Vaticano, reduzindo as preocupações quanto ao seu estado de saúde.
Corpo do artigo
"Sua Santidade, o Papa Francisco, descansou bem durante a noite. O quadro clínico melhora progressivamente e os tratamentos previstos continuam. Esta manhã, depois do pequeno-almoço, leu alguns jornais e voltou ao trabalho", afirmou, em comunicado, o porta-voz do pontífice, Matteo Bruni.
O internamento desta quarta-feira, que no início foi explicado pela Santa Sé pela realização de exames programados, levou a que fosse necessário cancelar uma série de compromissos e levantadas dúvidas sobre a presença nas celebrações da Semana Santa e da Páscoa. Mais tarde, foi confirmada a existência de uma infeção respiratória.
O Papa Francisco está no 10.º andar do hospital Gemelli, totalmente reservado aos representantes da Santa Sé.
No ano passado, Francisco sofreu de dores crónicas no joelho que o obrigaram a usar uma cadeira de rodas. Também o adiamento no ano passado de uma viagem programada para África e vários eventos em casa alimentaram intensas especulações sobre o seu estado de saúde e, numa entrevista em julho de 2022, o líder religioso reconheceu que precisava desacelerar.
Na audiência semanal no Vaticano na manhã de quarta-feira, poucas horas antes de ser levado para o hospital, o Papa apareceu de bom humor, sorrindo enquanto cumprimentava os fiéis a partir do seu "papamóvel". Mas ele foi fotografado a tremer enquanto o ajudavam a entrar no veículo - uma foto que apareceu nas primeiras páginas dos principais jornais da Itália de hoje.
Problemas de saúde
Francisco foi internado em julho de 2021 no mesmo hospital de Roma por 10 dias para uma operação no cólon, após sofrer de um tipo de diverticulite, uma inflamação de bolsas que se desenvolvem no revestimento do intestino. Numa entrevista em janeiro, Francisco afirmou que a diverticulite tinha voltado.
O Papa já afirmou por diversas vezes, mais recentemente em fevereiro, que considera renunciar se sua saúde o exigir, seguindo o exemplo de seu antecessor Bento XVI. Alertou, no entanto, que as renúncias papais não deveriam ser a norma e disse numa entrevista no mês passado que a ideia não estava "na minha agenda". Bento XVI, que morreu em 31 de dezembro, chocou o mundo em 2013 ao tornar-se o primeiro papa desde a Idade Média a renunciar.
Em 1957, aos 21 anos, parte de um de pulmões de Francisco foi removida. Apesar dos problemas de saúde e da idade avançada, Francisco, um jesuíta, continua a viajar internacionalmente. No início deste ano, visitou o Sudão do Sul e a República Democrática do Congo, atraindo grandes multidões. No mês que vem, deve visitar a Hungria para se encontrar com o primeiro-ministro Viktor Orban. Na última década, Francisco procurou tornar a Igreja mais aberta e compassiva, embora tenha enfrentado oposição interna, principalmente de conservadores.