Papa pede no Líbano que migrantes que fogem das guerras nunca se sintam rejeitados

Papa Leão XIV no Líbano
Foto: Alessandro Di Meo/EPA
O Papa Leão XIV pediu, esta segunda-feira, que os migrantes que fogem de "conflitos absurdos e impiedosos" nunca se sintam rejeitados, "mas acolhidos", no seu discurso no santuário de Harissa, no segundo dia de visita ao Líbano.
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Naquela colina, local de peregrinação dos libaneses onde se encontra a grande escultura de Nossa Senhora do Líbano, Leão XIV encorajou os católicos do país, que se tornaram minoria ao representarem menos de 30% da população, a seguirem a sua fé. "Mesmo quando à nossa volta ressoa o barulho das armas e as exigências da vida quotidiana se tornam um desafio", disse o líder da Igreja Católica.
Leão XIV foi recebido com grande entusiasmo pelos cerca de dois mil participantes com gritos de júbilo e "Viva o Papa" e, em seguida, ouviu os testemunhos dos católicos libaneses e também a situação dos migrantes que, nos últimos anos, chegaram ao país, principalmente sírios e palestinianos, fugindo das guerras.
O padre Youhanna relatou a vida em Debbabiyé, a pequena aldeia na fronteira com a Síria, onde "apesar da extrema necessidade e sob a ameaça dos bombardeamentos, cristãos e muçulmanos, libaneses e refugiados do outro lado da fronteira, convivem pacificamente e ajudam-se mutuamente".

Foto: Wael Hamzeh/EPA
O pontífice norte-americano falou, em francês, sobre a responsabilidade para com os jovens e afirmou ser "importante favorecer a sua presença, também nas estruturas eclesiais, valorizando a sua contribuição de novidade e dando-lhes espaço".
"E é necessário, mesmo entre os escombros de um mundo com dolorosos fracassos, oferecer-lhes perspetivas concretas e viáveis de renascimento e crescimento para o futuro", acrescentou.
Ouviu também o testemunho de Loren, uma filipina que se dedica a ajudar os migrantes. No país, com apenas 5,8 milhões de habitantes, há cerca de 1,5 milhões de refugiados e migrantes.

Foto: Presidência do Líbano/AFP
A voluntária filipina contou a história de James e Lela, sudaneses, que tiveram de fugir da guerra enquanto estava grávida e deu à luz durante a viagem, tendo sido acolhidos no Líbano. "O que eles viveram obriga-nos a comprometer-nos para que ninguém tenha de fugir do seu país devido a conflitos absurdos e impiedosos, e para que quem bate à porta das nossas comunidades nunca se sinta rejeitado, mas acolhido com as palavras que a própria Loren citou: "Bem-vindo a casa!"", afirmou o Papa.
Entre os religiosos no santuário para ouvir o Papa, principalmente padres católicos maronitas, estava o padre Manuel, que viveu vários anos em Buenos Aires. Este religioso explicou à agência EFE que a chegada de Leão XIV ao Líbano é "uma bênção" porque vai conhecer a realidade do país", que sofre muito, mas tem muita esperança e fervor", e que espera "que um dia o sol nasça para a pátria e para todo o Médio Oriente".
