O Papa Francisco renovou esta quarta-feira, e antes do fim do mandato, a comissão de cardeais que supervisiona o Instituto para as Obras Religiosas, o "banco" do Vaticano.
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Da antiga comissão, só o cardeal francês Jean-Louis Tauran, conhecido na Cúria romana pelo rigor, vai continuar em funções. O antigo secretário de Estado cardeal Tarcisio Bertone, "braço direito" do Papa emérito Bento XVI, foi excluído deste órgão.
Ao lado de Tauran, vão estar o novo secretário de Estado Pietro Parolin, o cardeal de Viena Christoph Schonborn, uma das figuras mais respeitadas do episcopado europeu, o de Toronto (Canadá) Thomas Christopher Collins e o arquipresbítero espanhol Santos Abril y Castelló da basílica Santa-Maria-Maior.
Esta comissão, que controla tudo o que no Instituto para as Obras Religiosas (IOR) está diretamente relacionado com o Papa, tem um mandato de cinco anos. É um dos organismos que gere o Instituto, muito criticado pela opacidade e pelo branqueamento de capitais permitido no passado.
O Papa Francisco está, desde o verão, a ouvir peritos sobre como reformar o IOR. As 19 mil contas estão a ser investigadas uma a uma.
Bento XVI tinha reconduzido, por cinco anos, os membros anteriores, alguns dias antes do fim do pontificado, em fevereiro do ano passado.
Além de Bertone, saem da comissão três outros cardeais: o italiano Domenico Calcagno, o brasileiro Odilo Scherer e o indiano Telesphore Toppo. O Papa decidiu não esperar o fim do mandato para proceder a estas mudanças.
A gestão do "banco do Papa", nomeadamente o papel do banqueiro italiano Ettore Gotti Tedeschi, nomeado por Bento XVI e que passou à reforma subitamente em 2012, alimentou as fugas do escândalo "Vatileaks" na imprensa italiana.
Tedeschi disse recentemente que gostaria de apresentar, diretamente ao Papa, a sua versão dos acontecimentos.
A comissão de peritos, nomeada no verão passado por Francisco, deverá apresentar as primeiras conclusões na próxima reunião do 'G8' dos cardeais (grupo de oito cardeais encarregados pelo papa da reforma das instituições do Vaticano), em fevereiro.