O Papa Francisco rejeitou, esta quarta-feira, o pedido para ordenação como sacerdotes de homens casados e mulheres para solucionar a falta de padres na Amazónia. A proposta poderia ter ditado o fim da secular tradição católica romana.
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Num documento intitulado "Querida Amazónia", o Papa não aborda as recomendações dos bispos para considerar a ordenação de homens e mulheres diáconos casados, exortando apenas os bispos a orarem por mais vocações sacerdotais e a enviarem missionários para a região, onde os fiéis que vivem em comunidades remotas podem passar meses ou até anos sem missa.
Na exortação, na qual era esperada uma decisão sobre a proposta aprovada pela Assembleia dos Bispos de ordenação de diáconos casados, tendo em vista a celebração dominical da eucaristia nas regiões "mais remotas" da Amazónia, o pontífice máximo da Igreja católica apela a uma maior presença de missionários no território e a formas de liderança que envolvam leigos, religiosas e diáconos permanentes.
"É importante determinar o que é mais específico do sacerdote, aquilo que não se pode delegar. A resposta está no sacramento da Ordem sacra, que o configura a Cristo sacerdote. E a primeira conclusão é que este caráter exclusivo recebido na Ordem deixa só ele habilitado para presidir à Eucaristia. Esta é a sua função específica, principal e não delegável", pode ler-se no documento, apresentado esta quarta-feira pelos cardeais Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, e Michael Czerny, secretário especial do Sínodo de 2019.
Quanto ao papel das mulheres na Igreja, e à sua possível ordenação como sacerdotes, o Papa Francisco escreve que "este reducionismo levar-nos-ia a pensar que só se daria às mulheres um estatuto e uma participação maior na Igreja se lhes fosse concedido acesso à Ordem sacra. Mas, na realidade, este horizonte limitaria as perspetivas, levar-nos-ia a clericalizar as mulheres, diminuiria o grande valor do que elas já deram e subtilmente causaria um empobrecimento da sua contribuição indispensável".
O documento alerta ainda para a destruição dramática da Amazónia, enunciando "pecados ecológicos" e apresentando a Igreja Católica como aliada na defesa da vida e da terra dos povos amazónicos.