"Parecia que estava a começar a guerra". Português ouviu "estrondo" quando Irão atacou base dos EUA
Eram cerca das 19.30 horas. Hugo Pedro Queirós, natural de Valongo, estava a adormecer o filho quando ouviu um estrondo. Da varanda do apartamento onde vive em Doha, no Catar, não conseguia ver o céu, mas era possível ouvir barulhos "bastante audíveis". Pouco depois perceberia: era um ataque do Irão.
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"Ouvimos estrondos. Eram afastados da zona onde vivemos, mas eram bastante audíveis. Vivo numa zona muito urbana, não consigo ver o céu, por isso não vi o ataque. Mas vi muitas pessoas a saírem à rua", conta Hugo Pedro Queirós, que vive em Doha desde 2018, ao JN.
Diretor-adjunto de uma escola na capital do Catar e correspondente do jornal desportivo português "Record" e do canal "SportTV", o português só se apercebeu do que realmente aconteceu quando começou a receber vídeos dos seus colegas de trabalho, gravados em várias partes da cidade. "Estavam aterrorizados. Mas estas coisas têm de ser encaradas com calma. Normalmente, não entro em pânico. A minha mulher é libanesa, já viu muito pior. Disseram-me para tentar acalmar as pessoas", continua.
No prédio onde vive Hugo Pedro Queirós, mora também um outro português, natural de Braga, que o deixou "preocupado" por ter "problemas de saúde". No entanto, ao contactá-lo, o vizinho disse que "estava tudo bem" e que estava em contacto com a mãe e a mulher.
A reação calma do vizinho do português contrastou com outros comportamentos. "Soube que houve pessoas a entrar em pânico e a correr para os supermercados. Parecia que estava a começar uma guerra", explica Hugo Pedro Queirós.
Catar: o "país amigo" do Irão
O português refere ainda ao JN que o Catar é historicamente aliado do Irão, nomeadamente a nível financeiro. Esta noite, o Irão enviou comunicados, traduzidos imediatamente pela mulher de Hugo Pedro Queirós, que diziam que o Catar não era o alvo e que era um "país amigo". "O único alvo era a base norte-americana", sublinha. "Deu a sensação que foi algo encenado".
Segundo ele, as autoridades já teriam conhecimento do ataque com 12 horas de antecedência, o que as levou a fechar o espaço aéreo e a alterar os voos já programados.
Depois do primeiro ataque, a embaixada francesa alertou para a possibilidade de uma segunda vaga. Porém, "ainda nada aconteceu e o Catar já emitiu uma nota a dizer que a situação é perfeitamente segura", continua.
Para o emigrante, esta é "mais uma experiência" no país que o acolhe há cerca de sete anos. "Passei pelo bloqueio, pela covid-19. É mais uma experiência no Catar", remata.