O Parlamento espanhol chumbou, esta quarta-feira, em Madrid, a moção de censura ao Governo de direita de Mariano Rajoy apresentada pela coligação de extrema-esquerda Unidos Podemos por 170 votos contra, 82 a favor e 97 abstenções.
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A moção não conseguiu assim recolher os 176 votos necessários, 50% mais um da assembleia, tendo apenas sito apoiada pelos deputados do Unidos Podemos e por pequenos partidos independentistas da Catalunha e do País Basco.
O Partido Popular, o maior no parlamento e base de apoio do Governo, e o Cidadãos (centro) votaram contra e o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) absteve-se.
O debate da moção de censura teve lugar na terça-feira durante todo o dia e hoje de manhã, com todos os partidos a explicar as suas posições.
O Unidos Podemos, apesar de saber que seria difícil receber os apoios necessários ao sucesso da sua iniciativa, quis denunciar os inúmeros casos de corrupção que atingem principalmente membros do PP, no poder.
O PSOE, que desde há duas semanas voltou a ter Pedro Sánchez como líder mas ausente do parlamento, explicou que concordava com as razões da moção, mas discordava com a alternativa proposta pelo Unidos Podemos para chefiar o hipotético novo Governo, o seu líder, Pablo Iglesias.
Durante o debate de terça-feira, Iglesias avançou com algumas propostas "à portuguesa" inspiradas em medidas tomadas pelo executivo socialista do país vizinho, como a subida do salário mínimo ou o aumento das pensões.
Por seu lado, o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, lamentou os exageros nas acusações de corrupção contra o seu partido, considerou que a moção de censura não tinha razão de ser e que o Unidos Podemos só queria dar "espetáculo" com a iniciativa que já se sabia estar votada ao insucesso.
Desde o início da transição democrática iniciada com as eleições de 1977, há 40 anos, foi a terceira moção de censura apresentada em Espanha.
Nas eleições de 26 de junho, o PP foi o partido mais votado (33% dos votos e 137 deputados), seguido pelo PSOE (22,7% e 85), Unidos Podemos (21,1% e 71) e Cidadãos (13,0% e 32).