O Parlamento boliviano vai pedir a expulsão dos representantes diplomáticos de França, Portugal e Itália como represália pela interdição de sobrevoo do espaço aéreo ao avião do presidente da Bolívia, anunciou, esta quarta-feira, um deputado da maioria.
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"Na quinta-feira iremos solicitar à chancelaria [Ministério dos Negócios Estrangeiros] que declare 'personae non gratae'" os diplomatas dos três países "por respeito pelos bolivianos e, acima de tudo, pela vida de um presidente", declarou Galo Bonifaz a um órgão de informação local.
O Governo boliviano divulgou, esta quarta-feira, também que irá convocar com urgência os embaixadores de França e de Itália na capital boliviana, mas também o cônsul honorário português em La Paz, para explicarem os contornos deste incidente diplomático.
O embaixador em La Paz é o diplomata acreditado em Lima, capital do Peru, segundo o portal do Governo, pelo que deverá ser convocada Helena Margarida Rezende de Almeida Coutinho, em vez do cônsul-geral de Portugal em La Paz, George Rezvani Albuquerque.
Manifestantes estão concentrados desde terça-feira à noite em La Paz em frente a várias embaixadas internacionais para protestar contra os países europeus, incluindo Portugal, que recusaram abrir o seu espaço aéreo ao avião do Presidente da Bolívia.
Nesses protestos, foram queimadas bandeiras da França e da União Europeia e foram lançadas pedras contra a embaixada de França.
Fontes diplomáticas espanholas, citadas pela EFE, indicaram que foi decidido, como medida de precaução, encerrar hoje o Centro Cultural de Espanha na capital boliviana e os escritórios da Agência Espanhola para a Cooperação Internacional (AECID). Nas instalações da embaixada espanhola ficaram os funcionários necessários para garantir os serviços mínimos.
O avião de Evo Morales foi obrigado a aterrar de emergência em Viena, depois de ter sido desviado da sua rota inicial por suspeitas de que o ex-consultor da Agência Nacional de Segurança (NSA) Edward Snowden, acusado de espionagem pelos Estados Unidos, estaria a bordo.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português confirmou hoje ter cancelado por "considerações técnicas" o sobrevoo de Portugal e aterragem em Lisboa do avião do Presidente da Bolívia na segunda-feira à tarde.
Em comunicado, o MNE acrescentou que a interdição de sobrevoo do espaço aéreo português foi levantada às 21,10 horas do mesmo dia, mantendo-se no entanto a interdição de aterragem "por considerações técnicas".
O avião presidencial acabou por descolar de Viena e foi autorizado por Espanha a fazer uma paragem técnica nas Canárias, seguindo depois de regresso à Bolívia.