Parlamento israelita proíbe agência da ONU de fornecer água e luz a palestinianos

A UNRWA foi criada pela ONU para prestar serviços sociais a refugiados palestinianos na Cisjordânia e em Gaza
Foto: Abir Sultan / EPA
O Parlamento israelita (Knesset) deu esta quarta-feira uma primeira aprovação a uma iniciativa que impede o fornecimento de água e luz à agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA), proibida em Israel.
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Segundo o Knesset, a proposta apresentada pelo Governo de Benjamin Netanyahu introduz uma alteração à lei aprovada no início do ano que proíbe a atividade da UNRWA em Israel e, após esta primeira votação plenária, vai seguir para discussão na respetiva comissão parlamentar.
A proposta visa proibir fornecedores de água e luz de providenciar tais serviços à agência da ONU, tendo em conta que a lei de veto à organização estipula que "nenhuma autoridade estatal, incluindo outras agências e indivíduos que exerçam funções públicas por lei, pode ter qualquer contacto com a UNRWA ou com qualquer pessoa que atue em seu nome".
A emenda proposta a esta lei também contempla "conceder ao Estado o poder de expropriar terras israelitas utilizadas pela UNRWA em certos complexos", indica a nota do Parlamento.
O jornal "Times Of Israel" noticiou que a proposta procura especificamente confiscar propriedades da UNRWA nos bairros ocupados de Jerusalém Oriental, Maalot Dafna e Kafar Aqab, que teriam sido arrendadas pelo Estado israelita à agência, "sem necessidade de iniciar processos legais ou administrativos".
A UNRWA foi criada pela ONU para prestar serviços sociais a refugiados palestinianos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza expulsos de casa com a criação do Estado israelita em 1948.
Desde então, esta agência humanitária tem fornecido educação, saúde e outros recursos a estas famílias e foi responsável pela distribuição de ajuda aos palestinianos em Gaza.
Israel cortou todos os laços com esta agência da ONU e ordenou a suspensão dos seus trabalhos, depois de ter denunciado a infiltração generalizada de membros do movimento islamita Hamas na equipa da UNRWA.
Em meados de abril do ano passado, uma investigação externa liderada pela ex-ministra dos Negócios Estrangeiros francesa Catherine Colonna rejeitou a versão das autoridades israelitas da existência de provas sobre as alegadas ligações terroristas atribuídas a vários funcionários.
Também o Tribunal Internacional de Justiça concluiu que Israel não conseguiu fundamentar as alegações de que uma parte significativa dos funcionários da UNRWA pertencem ao Hamas, nem demonstrou a alegada falta de neutralidade da agência humanitária como um todo.
