O número dois do Ennahda, Hamadi Jebali, congratulou-se, esta sexta-feira, pelos resultados do partido islâmico nas eleições para a Assembleia Constituinte na Tunísia , agradecendo a Deus a "vitória".
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"Eu agradeço a Deus por esta vitória, nós estamos no caminho da glória", exclamou na sequência do anúncio, na madrugada desta sexta-feira, pelo presidente da Comissão Eleitoral, do resultado final provisório das eleições de domingo que dão a vitória ao partido islâmico Ennahda com 41,47% dos votos.
"Graças aos nossos mártires, eu curvo-me diante do sacrifício e saúdo os nossos concorrentes", disse Hamadi Jebali na televisão, enquanto seguia o anúncio dos resultados em directo.
Khalil Zaouia, número dois do partido de esquerda Ettakatol, saudou, por seu turno, "uma vitória do povo".
"As forças democráticas não foram derrotadas, foi a democracia que triunfou", declarou também na televisão.
Mohamed Abbou, dirigente do Congresso pela República (CPR, esquerda nacionalista) afirmou-se "surpreso com os resultados alcançados pelo Ennahda que ultrapassaram as previsões. Este partido está consciente que não poderá governar sozinho", apontou, em declarações à AFP.
"Nós discutimos com o Ennahda e com o Ettakatol para a formação de um governo nacional", acrescentou Mohamed Abbou.
O Ennahda ocupará 90 dos 217 lugares da Assembleia Constituinte, seguido do Congresso pela República (CPR, esquerda nacionalista) com 30 lugares (13,82%) e do Ettakatol (esquerda), 21 lugares (9,68%), adiantou Kamel Jendoubi, quatro dias após as primeiras eleições livres na história da Tunísia , nove meses depois do derrube do regime de Ben Ali.
O Ennahda, duramente reprimido durante o antigo regime, e que se legalizou logo depois da revolução, entra assim pela porta grande na nova cena política tunisina e pesará sobre todas as grandes decisões relativas ao futuro do país.
A candidatura surpresa das eleições, a Petição Popular de Hechmi Haadmi, um rico empresário tunisino, surge na quarta posição com 19 lugares.
Mas Hechmi Haamdi anunciou, entretanto, a retirada de todas as listas do escrutínio, depois de ver invalidada a votação em seis circunscrições.
"Retiro-me oficialmente desta operação política após o anúncio da anulação dos votos de milhares de eleitores, particularmente em Sidi Bouzid, onde brilhou a chama da revolução", disse Hechmi Haamdi à AFP a partir de Londres.
O Partido Democrata Progressista (PDP, centro), organização histórica tunisina ficou no quinto lugar, com 17 lugares.
Os tunisinos elegeram no último domingo os deputados da Assembleia Constituinte que irá redigir uma nova Constituição para o país.
Após o anúncio dos resultados eleitorais foram registados distúrbios em Sidi Bouzid, onde começou a revolução, segundo o ministério do Interior e relatos de testemunhas.
Grupos de jovens terão saqueado o local do partido islâmico Ennahda e atirado pedras contra a polícia, após ter sido invalidada a votação em seis circunscrições à Petição Popular de Hechmi Haadmi, vencedor do escrutínio em Sidi Bouzid.
