Julieta Petovello e Manuel Pena partiram para a Europa a 2 de março e planeavam regressar à Argentina a 6 de abril. Estão há quase 30 dias retidos em Portugal, assim como outros 200 argentinos espalhados pelo país à espera de repatriamento.
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Julieta Petovello e o namorado Manuel Pena, de 22 e 24 anos respetivamente, estão entre as duas centenas de argentinos retidos em Portugal à espera para regressar a casa na Argentina. Os jovens, que programaram uma viagem de um mês pela Europa no início de março, confessam estar a passar por uma situação "desesperante" com o cancelamento dos voos para o país sul-americano devido à Covid-19.
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"Estivemos primeiro em Espanha, depois viajamos para Portugal e, por último, Londres. Quando tentamos voar para a Holanda, onde desejávamos cumprir quarentena, informaram-nos que apenas cidadãos europeus podiam fazê-lo. Então a nossa companhia aérea colocou-nos num avião, de volta, para Lisboa", conta Julieta ao JN.
Por Portugal, permanecem desde 20 de março à espera de repatriamento, quase um mês depois sem vislumbre do futuro.
Na mesma situação em solo português há, pelo menos, mais 200 cidadãos argentinos (e estima-se que outros dez mil pelo mundo). Por isso, os apelos ao Governo argentino por ajuda sucedem-se nas redes sociais.
"O Governo está a tentar reorganizar voos para 400 pessoas, mas não sabemos ainda em que moldes, nem quando é que vão começar a operar na Europa", esclarece fonte da Embaixada da Argentina em Portugal ao JN, recordando que o presidente da Argentina, Alberto Fernández, suspendeu todos os voos de repatriamento a 25 de março.
A incógnita do regresso ao país de origem é, por isso, grande, sobretudo quando se estima que a Europa e os EUA ainda estejam longe da fase mais crítica da pandemia. Recorde-se que não existe uma rota direta entre Portugal e a Argentina.
A inação de alguns países para com os seus compatriotas já originou um "puxão de orelhas" da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos. "Todos têm o direito de voltar ao seu país de origem, mesmo durante uma pandemia", defendeu Michelle Bachelet, que apelou aos países da América Latina e de outras partes do mundo que abrissem fronteiras aos cidadãos que estão retidos no exterior, muitos dos quais sem acesso a cuidados de saúde e outros serviços básicos.
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Desesperado, o casal conta que, para já, vai gerindo o dinheiro que planeava gastar com a viagem. A expectativa é que consigam um voo no início de maio, mas nada garante que tal venha a acontecer. "Não temos muita esperança. Eu até já estou à procura de um trabalho. Se tivermos de ficar aqui depois de maio, não vamos ter dinheiro. Cada dia que passa é mais difícil", prevê Julieta.
Fonte da Embaixada da Argentina garantiu ao JN que o casal está sinalizado e que está já a ser acompanhado, à semelhança dos outros argentinos na mesma situação em Portugal.