O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, participa na quinta-feira, em Bruxelas, numa reunião extraordinária de chefes da diplomacia da União Europeia para discutir o envolvimento europeu no conflito no Mali, disse à Lusa fonte diplomática.
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A reunião extraordinária, que terá início às 12:00 locais (11:00 de Lisboa), e que contará com a participação do chefe da diplomacia do Mali, Tieman Hubert Coulibaly, foi convocada na segunda-feira pela Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Catherine Ashton, face aos "mais recentes desenvolvimentos" naquele país africano, onde se verifica atualmente uma intervenção militar francesa de apoio ao governo maliano na luta contra rebeldes islamitas.
Em cima da mesa, já há meses, está o envio pela UE de uma missão de treino e aconselhamento do exército maliano. Embora fontes diplomáticas sublinhem que a força a enviar será de formação e não de combate, admitem que há que acelerar o envio da mesma e "adaptá-la" às novas circunstâncias.
Na terça-feira, num debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, Ashton sublinhou que a situação no Mali afeta diretamente a União Europeia e garantiu que a UE enviará uma missão de formação o mais "rapidamente possível".
"Os rebeldes levaram a cabo ações violentas e isto é uma ameaça para a segurança internacional. Condenamos essas ações. Temos de agir. Não o fazer seria um erro estratégico e humanitário", afirmou a representante da diplomacia europeia.
Na última segunda-feira, o ministério dos Negócios Estrangeiros indicou que "Portugal acompanha com preocupação a deterioração" da situação no Mali, apelou à coordenação internacional no quadro da ONU e considerou relevante a ação militar francesa.
Uma nota do MNE português referia que Portugal tem vindo a acompanhar com a "maior preocupação a deterioração da situação" no norte do Mali, nomeadamente os ataques de grupos terroristas e extremistas contra as forças armadas malianas, apontando que "estes desenvolvimentos vêm pôr em causa a já frágil estabilidade do país, bem como a sua integridade territorial" e "representam também uma ameaça real à paz e segurança internacionais".
Militares franceses lançaram na passada sexta-feira uma ofensiva destinada a apoiar o exército do Mali na tentativa de impedir o avanço para sul dos grupos armados islamitas que controlam o norte do país há nove meses.
A Nigéria já anunciou entretanto que vai enviar 900 soldados para ajudar na ofensiva encabeçada pela França contra os islamitas que ocupam várias cidades malianas.
Os soldados nigerianos integrarão uma força de 3.300 soldados composta por tropas de vários países africanos que será comandada pelo general nigeriano Shehu Abdulkadir.