O Partido Comunista Português criticou, esta terça-feira, as posições do Governo, de "total e acrítico alinhamento" com os Estados Unidos, sobre a "tensão na Península Coreana", face à qual reconhece estar "preocupado".
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Em nota de imprensa, os comunistas referem-se às declarações do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, durante uma visita ao Japão.
Para o PCP, o Governo revelou "total e acrítico alinhamento com as posições dos EUA", o que "não contribui para o necessário desanuviamento da tensão na Península Coreana".
A 28 de março, em Tóquio, Paulo Portas disse que Portugal partilha das "preocupações" do Japão em relação à Coreia do Norte.
No dia antes, o regime de Pyongyang tinha anunciado a decisão de suspender as atividades do complexo industrial de Kaesong, o único projeto conjunto entre as duas Coreias, retirando os 54 mil trabalhadores norte-coreanos.
"Obviamente que partilhamos das mesmas preocupações. O mundo não pode viver nesta desordem permanente e, objetivamente, o comportamento do regime de Pyongyang não respeita os mínimos elementares das resoluções das Nações Unidas", afirmou Portas, após um jantar com o chefe da diplomacia japonês.
"Tem que haver uma solução pacífica, diplomática, persuasiva, para que haja paz e estabilidade nesta região, que é muito importante, nomeadamente para a prosperidade do mundo", defendeu.
Na nota de imprensa enviada hoje, o PCP reconhece que "os recentes acontecimentos e o aumento da tensão" na Península Coreana "constituem uma séria ameaça para a paz", mas sustenta que esses acontecimentos "não podem ser dissociados do processo de militarização do Pacífico Sul conduzido pelos EUA".
Apelando "à contenção de todas as partes e ao retomar imediato de negociações baseadas no reconhecimento e respeito mútuos", os comunistas recordam que a Península Coreana foi dividida, "há mais de meio século, como resultado de uma brutal guerra, fruto da ingerência e agressão dos EUA".
Segundo as Nações Unidas, o "nível de tensão atual [na Península Coreana] é muito perigoso".
Nos últimos dias, a Coreia do Norte fez uma série de ameaças de ataques nucleares, na sequência das sanções da ONU - decididas após a realização do terceiro teste nuclear do país - e das manobras militares conjuntas de Estados Unidos e Coreia do Sul.
Tecnicamente, as duas Coreias continuam em guerra, uma vez que o conflito de 1950-53 não terminou com a assinatura de um tratado de paz.