O Governo cubano pediu à ONU, pela primeira vez, para que seja enviado leite em pó para as crianças do país. O Programa Alimentar Mundial já entregou um carregamento de 144 toneladas do bem alimentar, numa altura em que a nação socialista vive uma profunda crise económica.
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Embora não seja a primeira vez que o país está mergulhado num contexto de profunda crise económica, é a primeira vez que faz um pedido desta natureza à ONU. De acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), o Governo pediu que fosse enviado leite em pó para alimentar crianças até aos sete anos de idade. O Executivo não se pronunciou publicamente sobre o pedido, mas a delegação do PAM no país garantiu à agência espanhola EFE que recebeu "uma comunicação oficial" das autoridades políticas, assegurando que o carregamento de leite em pó, que é distribuído de forma racionada nos armazéns do Estado, já começou.
O PAM informou que já enviou 144 toneladas de leite em pó magro para o país, o que deverá beneficiar cerca de 48 mil crianças, sobretudo em Pinar del Río e Havana. A organização, que recebeu "um pedido urgente" no final de 2023, alerta para a situação de carência na qual a população vive, o que impulsiona a necessidade de o Governo "mobilizar recursos adicionais" de "doadores tradicionais e não tradicionais".
Desde 2021, as autoridades do país têm vindo a informar que não têm oferta suficiente de leite, que se deve a atrasos nas importações e à disponibilidade limitada de financiamento. No início de 2022, funcionários da Indústria Agroalimentar reconheceram que não estavam a ser capazes de fornecer leite para crianças e mulheres grávidas, acabando por levar a situação a um ponto sem retorno.
Em fevereiro deste ano, a ministra do Comércio, Betsy Díaz Rodríguez, admitiu que há muitas crianças cubanas que desde 5 de fevereiro não têm acesso a leite e garantiu que o Governo estava a trabalhar para encontrar alternativas com pequenas e médias empresas. Pouco tempo depois, o país recebeu leite em pó, arroz, milho e farinha do Brasil, como parte de um acordo de cooperação entre o país sul-americano, os Emirados Árabes Unidos e Cuba.
No final do do ano passado, o Governo cubano lançou um pacote de medidas económicas que tinham o objetivo de aliviar a crise, mas que se mostraram muito impopulares devido ao aumento do custo de vida para os cubanos. As autoridades voltaram atrás na aplicação de algumas medidas e anunciaram a demissão do ministro da Economia, depois de o país ter terminado o ano com 30% de inflação.
No entanto, as famílias vão continuar a viver num verdadeiro sufoco. Esta sexta-feira, dia 1 março, o preço do combustível vai aumentar 500%.
A situação económica em Cuba agravou-se desde a pandemia, também devido às sanções económicas dos Estados Unidos e às decisões internas de política. As lacunas mais graves devem-se à falta de alimentos, combustíveis e medicamentos.