Pelo menos 108 pessoas foram mortas no Irão na repressão de protestos que duram há quase um mês pela morte de uma mulher, Mahsa Amini, após a sua detenção pela polícia da moralidade, segundo uma organização de direitos humanos.
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As forças de segurança iranianas também mataram pelo menos 93 outras pessoas em confrontos separados em Zahedan, no sudeste da província de Sistan-Baluchistão, informou a organização não governamental (ONG) Iran Human Rights (IHR).
Neste caso, a violência foi desencadeada durante manifestações de protesto contra a alegada violação de uma jovem por um agente da polícia.
Este movimento de protesto no Irão começou em 16 de setembro, quando Mahsa Amini, uma iraniana de origem curda, de 22 anos, morreu no hospital, três dias depois de ter sido detida em Teerão pela polícia da moralidade por violar o rígido código de vestuário para as mulheres na República Islâmica.
Apesar de centenas de detenções e da repressão que levou a mortes em diferentes circunstâncias, o movimento de protesto, o maior desde 2019, quando houve grandes manifestações contra o aumento do preço da gasolina, não está a enfraquecer.
Organizações de defesa dos direitos humanos alertam para a forte repressão em Sanandaj, capital da província do noroeste do Curdistão, região de onde Mahsa Amini era natural.
"A comunidade internacional deve evitar novas mortes no Curdistão, fornecendo uma resposta imediata", disse Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da IHR, alertando para a "iminente repressão sangrenta" na província.
As restrições ao acesso à internet impostas pelas autoridades estão a dificultar a investigação da ONG sobre a extensão da repressão, acrescentou.
Segundo esta organização, 14 pessoas foram mortas no Curdistão desde o início do protesto, mas este número não inclui as vítimas da "repressão sangrenta" dos últimos três dias, durante as quais se realizaram "grandes manifestações" em Sanandaj.
Noutros pontos do país, 11 pessoas foram mortas na província de Teerão e 28 na província de Mazandaran, no norte do país, segundo o IHR, que diz que crianças foram detidas.
"As Nações Unidas têm a obrigação de defender os direitos das crianças iranianas, pressionando a República Islâmica", alertou Amiry-Moghaddam.