Desde 2004 que pelo menos 21 pessoas se suicidaram depois de participarem em "reality-shows" norte-americanos, programas que exploram as vulnerabilidades dos concorrentes.
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"Será que os reality-shows atraem pessoas mais instáveis? Ou será que os caprichos deste tipo de programas precipitam para o suicídio?" Para Richard Levak, especialista em comportamento e personalidade, que participou em programas como "Survivor", este é um assunto muito complexo, difícil de explicar.
Ao jornal "New York Post" afirmou que, normalmente, os produtores procuram pessoas mais vulneráveis psicologicamente, porque isso trará melhores momentos de televisão.
Há cerca de duas semanas, Alexa McAllister, de 31 anos, concorrente da temporada 14 de "The Bachelor", suicidou-se com uma "overdose" de medicamentos prescritos em receita médica. Outra concorrente do mesmo programa, Gia Allemand, enforcou-se, em 2013. Três anos antes, Julien Hug, de 35 anos, matou-se com um tiro na cabeça. Tinha participado em "Bachelorette", em 2009.
O caso de Russel Armstrong, que se enforcou em 2011, veio demonstrar que a televisão da vida real afeta não só os seus protagonistas, como aqueles que estão próximos deles. Armstrong, marido de uma das estrelas de "Real Housewives of Beverly Hills", Taylor Armstrong, não suportou quando viu os seus problemas financeiros e matrimoniais expostos na televisão.
Joseph Cerniglia foi outra das vítimas. Atirou-se a ponte George Washington para o rio Hudson em 2010. Três anos antes tinha participado em "Kitchen Nightmares", de Gordon Ramsey.
A mãe do concorrente, Patricia Hansen, nunca culpou o programa, apesar de, num dos episódios, Ramsey ter dito a Cerniglia: "O teu negócio está prestes a afundar-se do rio Hudson". A frase acabaria por ser marcante.
Todos os ex-concorrentes de "reality-shows" ouvidos pelo "New York Post" são unânimes em dizer que não estavam preparados para a fama e a exposição que viriam a ter depois dos programas. Da mesma forma, todos dizem que, antes de participarem nos concursos, responderam a extensos questionários que, em suma, procuravam saber quais são as suas fragilidades e conhecer o seu passado para podem explorar esses temas.
"As pessoas não têm noção das repercussões quando se inscrevem", disse Jesse Csincsak, vencedora da quarta temporada de "Bachelorette".
Eliza Orlins, por seu turno, lembra-se dos comentários que recebeu quando participou em duas temporadas de "Survivor": "Metade das pessoas dizia 'aquela cabra anorética devia era comer um hambúrguer com queijo'. Outra metade dizia que as minhas pernas eram gordas. Muitas pessoas têm problemas em lidar com isso".
Foram pelo menos 21 pessoas as que não resistiram às consequências da participação nestes programas. O jornal "New York Post" fez as contas da última década.
1. Alexa McAllister, "The Bachelor", 2016
2. Mark Constantino, "Ghost Adventures", 2015
3. Anthony Riley, "The Voice", 2015
4. Simone Battle, "The X-Factor", 2014
5. Gia Allemand, "The Bachelor", 2013
6. Mindy McCready, "Celebrity Rehab with Dr. Drew", 2013
7. Mark Balelo, "Storage Wars", 2013
8. Joshua Marks, "MasterChef", 2013
9. Russell Armstrong, "The Real Housewives of Beverly Hills", 2011
10. Wesley Durden, "Next Great Baker", 2011
11. Joseph Cerniglia, "Kitchen Nightmares", 2010
12. Julien Hug, "The Bachelorette", 2010
13. Ryan Jenkins, "Megan Wants a Millionaire", 2008
14. Nathan Clutter, "Paradise Hotel", 2008
15. James Terrill, "Supernanny", 2008
16. Cheryl Kosewicz, "Pirate Master", 2007
17. Paula Goodspeed, "American Idol", 2006
18. Najai Turpin, "The Contender", 2005
19. Melanie Bell, "Vega Elvis", 2005
20. Rachel Brown, "Hell's Kitchen", 2007
21. Kellie McGee, "Extreme Makeover", 2004