Pelo menos nove mortos em explosões de walkie-talkies e painéis solares no Líbano
Explosões de painéis solares ocorreram, esta quarta-feira, no Líbano, a par de incidentes semelhantes com walkie-talkies, numa segunda vaga de detonações, que já matou nove pessoas e feriu outras 300, segundo o Ministério da Saúde libanês.
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A agência oficial de notícias do Líbano informou que sistemas de energia solar explodiram em casas de várias zonas de Beirute e no sul do Líbano, ferindo pelo menos uma menina.
Estas ocorrências acontecem em simultâneo com o registo de explosões de walkie-talkies, hoje em várias regiões do país, um dia após rebentamentos de milhares de pagers terem provocado 12 mortos e cerca de 2800 feridos, incluindo membros do grupo xiita libanês Hezbollah.
Relatos das agências internacionais deram conta de explosões hoje nos subúrbios sul de Beirute, onde decorriam os funerais de membros do grupo pró-iraniano, mortos no dia anterior nos incidentes com pagers.
O Governo libanês e o Hezbollah acusaram Israel na terça-feira, mas Telavive apenas comentou que acompanha a situação no país vizinho e não assumiu responsabilidade pelas explosões.
Guterres vê explosões no Líbano como "sério risco" de escalada com Israel
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou que as recentes explosões de dispositivos no Líbano representam a confirmação de um "sério risco" de escalada no conflito entre o movimento xiita libanês Hezbollah e Israel.
"A lógica de explodir todos estes dispositivos é fazê-lo como um ataque preventivo antes de uma grande operação militar. Esta é a indicação que confirma que existe um sério risco de uma escalada dramática no Líbano e tudo deve ser feito que seja evitada ", disse Guterres durante uma conferência de imprensa na sede da ONU em Nova Iorque.
Na mesma conferência de imprensa, o líder das Nações Unidas insistiu que "objetos civis" não devem ser transformados em armas.
"A relação entre o que está a acontecer no Líbano e o que está a acontecer em Gaza é óbvia desde o início. Ou seja, o Hezbollah tem sido muito claro ao dizer que lançou as suas operações por causa do que está a acontecer em Gaza e que irá parar quando existir um cessar-fogo em Gaza", acrescentou o ex-primeiro-ministro português.
Durante a conferência de imprensa, Guterres repetiu que a comunidade internacional vive hoje numa situação em que "os conflitos se multiplicaram e reina o sentimento de impunidade".
"Quero dizer que qualquer país ou qualquer entidade militar, milícia ou o que quer que seja, sente hoje que pode fazer o que quiser, porque nada lhe vai acontecer", afirmou.
Após a conferência de imprensa, o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, emitiu um comunicado indicando que o secretário-geral da ONU está profundamente alarmado com os relatos acerca do grande número de dispositivos de comunicação que explodiram no Líbano, assim como na Síria.
O secretário-geral instou todos os atores envolvidos a exercerem o máximo de contenção para evitar qualquer nova escalada.
"O secretário-geral insta as partes a comprometerem-se novamente com a implementação total da resolução 1701 (2006) do Conselho de Segurança e a retomarem imediatamente à cessação das hostilidades para restaurar a estabilidade. A ONU apoia todos os esforços diplomáticos e políticos para acabar com a violência que ameaça engolir a região", concluiu a nota.