O chefe de Estado israelita, Shimon Peres, pediu ao presidente norte-americano, Barack Obama, para impedir o desvio do arsenal químico da Síria, porque poderia desencadear "uma tragédia de dimensões épicas".
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"Não podemos permitir que estas armas caiam em mãos terroristas", advertiu Shimon Peres, numa breve declaração à comunicação social, após um encontro com Barack Obama, que está a realizar a sua primeira visita oficial a Israel.
Numa referência aos últimos acontecimentos no Médio Oriente, o presidente israelita mostrou-se convencido que a "primavera árabe" (vaga de contestação popular que abalou vários regimes do mundo árabe) pode ter gerado mudanças positivas, mas insistiu nos perigos da crise na Síria, que poderá deixar partes do seu arsenal não convencional em mãos erradas.
O movimento xiita libanês Hezbollah (aliado de Damasco e do Irão) "apoia o brutal massacre do povo sírio; felizmente a capacidade nuclear síria foi destruída, mas o seu arsenal químico está lá", reiterou Peres, que recebeu o homólogo norte-americano na sua residência oficial em Jerusalém.
Israel destruiu em 2007 um reator nuclear que estava a ser construído no norte da Síria e, desde que começou a crise síria, os serviços secretos israelitas acompanham o eventual tráfico de armas de destruição em massa para grupos islamitas.
Sobre o programa nuclear do Irão, um dos assuntos desta visita de Barack Obama ao Médio Oriente, Shimon Peres afirmou que Israel e Washington estão de acordo que é "um dos maiores perigos".
"Acreditamos na sua política de tentar tudo pela via não militar, uma vez que sublinhou que todas as opções estão em cima da mesa", disse Peres, dirigindo-se diretamente ao presidente norte-americano.
Obama não fez qualquer comentário de índole política, mas assegurou que Israel "não tem melhor amigo do que os Estados Unidos" e que "as crianças israelitas querem viver em segurança, livres do terrorismo, é o que elas merecem".
"Se nos concentrarmos nas nossas boas relações, poderemos dar às crianças o futuro que merecem", salientou o chefe de Estado norte-americano, que foi recebido por um comité de boas-vindas composto por crianças israelitas, e que também plantou uma árvore originária da Casa Branca.
Depois do encontro com Shimon Peres, Obama seguiu para uma reunião com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
Além de Israel, Barack Obama também irá deslocar-se aos territórios palestinianos.
Dezenas de palestinianos manifestaram-se e queimaram bandeiras dos Estados Unidos numa ação de protesto que decorreu na cidade de Gaza, em frente aos escritórios do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, para contestar a presença de Obama.
"Obama, não és bem-vindo à Palestina" e "És um visitante indesejado" eram algumas das frases exibidas em cartazes.
Seis ativistas pró-palestinianos, de um grupo de 20, foram detidos pelo exército israelita quando entraram numa rua proibida da cidade de Hebron, no sul da Cisjordânia, exibindo t-shirts com a famosa frase do líder dos direitos cívicos norte-americanos, Martin Luther King, "I have a dream" ("Eu tenho um sonho", em português).