O Programa Mundial Alimentar (PMA) condenou a pilhagem de um dos seus centros logísticos em El Obeid, a capital do estado de Kordofan Norte, no Sudão, avisando que está em risco a ajuda alimentar a 4,4 milhões de pessoas afetadas pelo conflito armado deflagrado em 15 de abril.
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O ataque ocorreu depois de o Exército sudanês, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, presidente de facto do país, anunciar a suspensão das conversações com a fação rival, as Forças de Apoio Rápido (RSF), comandadas pelo general Mohammed Hamdan Dagalo, para mais um cessar-fogo.
"Este roubo de alimentos e bens humanitários mina totalmente estas operações num momento chave para o povo do Sudão", destaca, em comunicado, aquela agência das Nações Unidas, que tenta acorrer a milhões de pessoas que "caíram na incerteza e na fome" com os confrontos, que já fizeram mais de 860 mortos.
O PMA sustenta que milhões de pessoas serão afetadas pelo ataque, com o roubo de alimentos, suplementos nutritivos, veículos, combustíveis e geradores, o que não acontece pela primeira vez, nota, estimando que desde o início da violência já registou perdas por roubo estimadas em 55,7 milhões de euros.
A agência calcula que mais 2,5 milhões de pessoas podem sofrer de fome nos próximos meses devido à violência dos confrontos, o que poderá elevar os níveis de insegurança alimentar no país para 19 milhões de pessoas, ou seja 40% da população.
Entretanto, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) avisou para os riscos de segurança para refugiados - incluindo 150 mil cidadãos de outros países que se encontram na capital, Cartum - apanhados pelo conflito devido às limitações de ajuda humanitária, na medida em que os confrontos dificultam as suas atividades.
Até 31 de maio, o ACNUR registou a fuga de 378.315 pessoas do Sudão devido ao conflito, que já provocou mais de 1,2 milhões de deslocações internas, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).