Pilotos de companhias aéreas alemãs impediram este ano a deportação de 222 imigrantes requerentes de asilo na Alemanha ao recusarem recebê-los a bordo.
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Entre janeiro e setembro, um total de 222 deportações "falharam" na Alemanha devido à recusa dos pilotos, segundo dados divulgados pelo partido Die Linke (A Esquerda) e citados pelo britânico "Independent". A maioria - 140 - ocorreu no aeroporto de Frankfurt e as outras deportações deveriam ter partido do aeroporto Colónia-Bona.
Alguns dos voos pertenciam à transportadora aérea alemã Lufthansa e à sua subsidiária Eurowings.
Os pilotos alegaram questões de segurança para impedirem o embarque desses passageiros. Muitos recusaram fazer voos que devolviam deportados ao Afeganistão, um país ainda em estado de violência aguda.
A decisão de não transportar um passageiro cabe ao piloto e é tomada "caso a caso", quando entende "que a segurança do voo pode ser afetada", justificou o porta-voz da Lufthansa, Michael Lamberty ao jornal "Westdeutsche Allegeimeine Zeitung".
"Como os funcionários de segurança dos aeroportos têm alguma informação prévia que permite saber se a situação pode agravar-se durante a deportação, podem decidir com antecedência não deixar os passageiros embarcarem", acrescentou.
Um piloto da Lufthansa, que não quis ser identificado, disse à publicação alemã RBB24 que os pilotos normalmente recusam realizar o voo quando um passageiro com ordem de deportação responde "não" quando questionado sobre se quer entrar a bordo.
"Temos de prevenir se alguém vai ter uma crise durante o voo e temos de proteger também os outros passageiros", defendeu.
Os pilotos arriscam processos disciplinares se recusarem realizar os voos por razões de consciência, ou seja, por não concordarem pessoalmente com a decisão de deportação daqueles cidadãos.
A Alemanha processou mais pedidos de asilo que qualquer outro dos 27 Estados da União Europeia em conjunto. Segundo a agência europeia de estatística (Eurostat) o departamento alemão de migração e refugiados decidiu 388201 casos de asilo nos primeiros seis meses de 2017.