A polícia norueguesa excluiu, esta quarta-feira, a existência de cúmplices do autor confesso dos ataques de julho de 2011 na Noruega, Anders Behring Breivik, que afirmou pertencer a uma rede com capacidade de perpetrar novos ataques.
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"Estamos seguros desta conclusão: Nenhuma informação mencionada nos documentos do dossier [do caso] sugere qualquer cumplicidade física e psicológica", referiu Kenneth Wilberg, da polícia norueguesa, diante do tribunal de Oslo, no 27.º dia do julgamento de Anders Behring Breivik.
Durante os interrogatórios e num manifesto ideológico de 1.500 páginas divulgado na Internet antes dos ataques, Breivik afirmou que era membro de uma organização pan-europeia criada em Londres em 2002, os "Cavaleiros Templários".
Breivik esclareceu posteriormente que a organização integrava seis membros, assegurando na mesma ocasião que outras "células" podiam atacar a qualquer momento.
A existência ou não do grupo "Cavaleiros Templários" é uma peça importante para tentar perceber o verdadeiro estado da saúde mental do extremista de direita.
"A polícia não encontrou provas que o grupo 'Cavaleiros Templários' exista na forma como foi mencionado pelo acusado", acrescentou Wilberg, na apresentação dos resultados do maior inquérito judicial alguma vez realizado na Noruega, que mobilizou perto de mil polícias.
Breivik foi o autor do atentado à bomba contra a sede do Governo norueguês e de um tiroteio na ilha de Utoya, perto de Oslo, a 22 de julho do ano passado.
Os dois ataques causaram 77 mortos, na maioria jovens que participavam num acampamento da Juventude Trabalhista, na ilha de Utoya.
O extremista de direita, opositor da multiculturalidade e da "invasão muçulmana" na Europa, reconheceu a autoria dos ataques, mas recusou declarar-se culpado.
Breivik quer ser considerado mentalmente capaz, para que os seus ideais não sejam invalidados por um diagnóstico de demência.
O julgamento de Breivik arrancou na capital norueguesa a 16 de Abril. O veredicto é aguardado para julho próximo.
Se for considerado culpado, o extremista de direita incorre numa pena de 21 anos de prisão ou de retenção de segurança - uma pena renovável enquanto o preso for considerado perigoso. Caso seja considerado inimputável, pode ser condenado a internamento psiquiátrico, potencialmente para toda a vida.