A polícia alemã deteve este domingo, na Turíngia, mais um suspeito de cumplicidade com o grupo terrorista neonazi que matou a tiro, alegadamente, nove imigrantes e uma agente da polícia, e praticou atentados bombistas, anunciou o ministério público federal.
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A detenção de Matthias D., 36 anos, sobre quem incorrem "graves suspeitas" de ter facultado dois apartamentos em Zwickau, na Saxónia, ao referido grupo, foi efectuada às primeiras horas da manhã, por um comando especial da polícia, adiantou a mesma fonte.
Matthias D. terá então sub-alugado o primeiro apartamento, sob nome falso, a Uwe Böhnhardt, 34 anos, um dos elementos do trio de terroristas neonazis auto-intitulado "Resistência Nacional-Socialista" (NSU).
"O detido é suspeito de ter ajudado os membros do grupo a viverem sob falsas identidades e a praticarem actos terroristas sem terem sido descobertos", disse este domingo, em Karlsruhe, um porta-voz do ministério público federal.
Beate Zschäpe, 36 anos, a única mulher NSU, que está actualmente em prisão preventiva, telefonou a Matthias D. depois de ter feito explodir, em Novembro, o segundo apartamento em Zwickau onde vivia com Uwe Böhnhardt e Uwe Mundlos, 38 anos.
Os dois homens apareceram mortos com tiros na cabeça dentro de uma caravana, em Eisenach, a 4 de Novembro, depois de terem efectuado mais um assalto a um banco, e de já terem sido detectados pela polícia.
Inicialmente, as autoridades supunham que ambos os neonazis se tinham suicidado, mas as investigações entretanto levadas a cabo consideram também a hipótese de Uwe Mundlos ter abatido a tiro o seu cúmplice e depois se ter suicidado com a mesma arma.
Na caravana que o grupo utilizava para os seus assaltos a bancos e no apartamento em Zwickau foram encontradas as pistolas com que foram abatidos a tiro oito pequenos comerciantes turcos e um comerciante grego, e ainda uma agente da polícia, em vários pontos do país, entre 2000 e 2007.
O trio entrou na clandestinidade em princípios de 1998, depois de ter estado envolvido em vários atentados bombistas na região de Jena, de onde eram naturais, e de a polícia ter descoberto a garagem onde fabricavam os engenhos explosivos.
Até à morte dos dois neonazis, em Eisenach, a polícia, que tinha praticamente deixado de os procurar, porque os crimes de que eram na altura acusados prescreveram, desconhecia, porém, a existência do grupo terrorista, e não associou os seus membros a nenhum dos referidos homicídios.
Entretanto, foram detidos quatro suspeitos de cumplicidade nas acções terroristas do grupo, um deles um ex-dirigente na Turíngia do principal partido da extrema-direita, o NPD.
As investigações destes casos, nos quais se incluem também pelos menos dois atentados bombistas em 2001 e 2004, e que chocaram a opinião pública, começaram a ser dirigidas pelo ministério público federal e envolvem, entretanto, mais de 400 agentes em todo o país.