A Polícia birmanesa apresentou, esta terça-feira, novas acusações contra a ex-líder do executivo de Myanmar (ex-Birmânia), Aung San Suu Kyi, cujo regime foi deposto num golpe de Estado militar.
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A Nobel da paz (1991) e conselheira de Estado (na prática a mesma função de primeiro-ministro), que se encontra em prisão domiciliária desde a sublevação militar, foi acusada em 03 deste mês da importação ilegal de um dispositivo telefónico, aguardando-se que compareça quarta-feira diante de um juiz.
Segundo confirmou à agência noticiosa espanhola EFE o advogado Khin Maung Zaw, a líder deposta, que a Junta Militar no poder disse já encontrar-se de "boa saúde", foi também acusada de um delito relacionado com a Lei dos Desastres Naturais.
Trata-se da mesma acusação apresentada pela Junta Militar contra o Presidente birmanês, Win Myint, também deposto e igualmente em prisão domiciliária, que foi igualmente acusado de violar as medidas de distanciamento social impostas na sequência da pandemia de covid-19 ao organizar um ato de campanha eleitoral com mais de 30 pessoas.
Suu Kyi, de 75 ano e que já esteve 15 em regime de prisão domiciliária durante o regime da anterior Junta Militar, pode ser condenada a uma pena de prisão até três anos pelo delito de importação ilegal.
Pela segunda noite consecutiva, a Junta Militar cortou hoje de madrugada o acesso à Internet no país, enquanto a presença de tanques e de elementos das Forças Armadas nas ruas das diferentes cidades de Myanmar tem estado a aumentar a tensão face às múltiplas manifestações de protesto contra o golpe militar.
As forças de segurança têm recorrido a canhões de água e a balas reais e de borracha contra os manifestantes, o que tem sido alvo de críticas internacionais, sobretudo da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos, que exigem o regresso da democracia e a libertação de todos os detidos.
A Junta Militar, liderada pelo Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas birmanesas, Min Aung Hlaing, justificou a tomada do poder por uma suposta fraude eleitoral nas eleições legislativas de novembro passado, ganhas pela Liga Nacional para a Democracia (LND), liderada por Suu Kyi, tal como já acontecera na votação de 2015.
Segundo os últimos dados recolhidos pela Associação para a Assistência de Presos Políticos (AAPP), as novas autoridades de Myanmar já prenderam 426 pessoas desde o levantamento militar, tendo libertado apenas 35.
Entretanto, o novo vice-ministro da Informação birmanês, Zaw Min Tun, afirmou hoje que Suu Kyi e o Presidente deposto se encontram em prisão domiciliária, e que ambos estão de "boa saúde".
"Mantemos Aung San Suu Kyi e Win Myint num local mais seguro para a sua própria segurança. Estão de boa saúde. Não é como se tivessem sido presos. Estão em casa", em regime de prisão domiciliar na capital administrativa do país, Naypyidaw, acrescentou.