Polícia brasileira investiga militares que cantaram música de exaltação ao Massacre de Carandiru
Um vídeo de polícias militares brasileiros a cantarem e a dançarem uma música de exaltação ao Massacre de Carandiru, que aconteceu em 1992, está a causar polémica.
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No vídeo, amplamente partilhado nas redes sociais, é possível ver os polícias militares a sorrir e a bater palmas, enquanto cantam versos como "lá só tinha lixo, a escória, na moral" e "corpos mutilados e cabelas arrancadas", de acordo com o portal "G1".
Em outubro de 1992, a Polícia Militar invadiu a Casa de Detenção na Zona Norte da capital brasileira para tentar conter uma rebelião de presos. A ocorrência terminou com 111 mortos. As autoridades alegaram ter disparado em legítima defesa para se protegerem dos reclusos, que estariam armados com revólveres e facas.
Quando tomou conhecimento do vídeo agora partilhado, a Secretaria da Segurança Pública instaurou uma investigação, afirmando que a conduta dos polícias não condiz com as práticas da instituição e que "serão tomadas medidas cabíveis".
Ninguém foi preso
Entre 2013 e 2014, 74 polícias militares foram condenados a penas que variam de 48 anos a 624 anos de prisão pelos assassinatos de 77 reclusos. Para o Ministério Público, os polícias mataram presos que já se tinham rendido. Os outros 34 terão sido mortos pelos próprios companheiros de cela. Na ação, 22 polícias ficaram feridos.
Dos agentes condenados, cinco morreram. Mais de 30 anos depois, ninguém foi preso. Pela lei brasileira, ninguém pode ficar preso mais de 40 anos por um mesmo crime. Apesar disso, todos os agentes condenados respondem pelos crimes de homicídio em liberdade.
Em dezembro de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que concedeu indultos a polícias condenados, ainda que provisoriamente, por crimes praticados há mais de 30 anos. Membros do Ministério Público de São Paulo entendem que o indulto beneficia os polícias condenados pelo Massacre de Carandiru. O Supremo Tribunal Federal vai julgar a constitucionalidade do indulto.