
O presidente francês Francois Hollande visita Robert Ballanger, internado no hospital Aulnay-sous-Bois, depoi de ter sido sodomizado com um cassetete
EPA/Arnaud Journois
A violação de um jovem com um cassetete durante uma operação policial na quinta-feira passada, em Aulnay-sous-Bois, a norte de Paris, "não foi intencional", de acordo com um relatório preliminar dos investigadores.
A imprensa francesa revelou, esta quinta-feira, que, no relatório preliminar da inspeção-geral da polícia, o jovem de ascendência africana, de 21 anos, foi violentamente agredido durante uma operação contra o tráfico de drogas realizada pela polícia.
O documento destaca no entanto que a violação anal com um cassetete, que levou à hospitalização do jovem, foi "acidental" e não voluntária no âmbito de uma prisão "violenta e forçada".
Este primeiro relatório baseia-se em imagens de videovigilância, em constatações materiais e nos testemunhos dos envolvidos, segundo o canal "BFMTV".
Os quatro oficiais envolvidos na agressão são acusados de violência intencional e um deles também por violação, após o jovem ter sido levado para um hospital e submetido a uma operação.
As conclusões do relatório indicam que o agente deu um forte golpe horizontal na altura das nádegas do jovem com o seu cassetete, mas não tinha intenção de causar ferimentos no ânus.
A reação popular contra essa ação policial levou a distúrbios durante várias noites em diversas localidades da periferia norte de Paris, onde dezenas de pessoas foram detidas.
Esta madrugada, 28 pessoas foram detidas por uso de 'cocktails molotov' e por danos materiais, mas diminuiu o número de incêndios e de ataques às esquadras da polícia.
Em Aulnay-sous-Bois foi limitado o tráfego noturno de autocarros para evitar que sejam atacados.
Em várias cidades foram organizadas manifestações para denunciar a brutalidade policial e para sublinhar o caráter racista da agressão sofrida pelo jovem, tendo também provocado reações na classe política, que pediu a clarificação do caso.
O Presidente François Hollande, que visitou o jovem no hospital na terça-feira, prometeu investigar a fundo o ocorrido e penalizar os responsáveis.
O jovem, que não tem antecedentes criminais, descreveu à imprensa a brutalidade empregada pelos agentes durante a sua detenção, mas também pediu calma aos outros jovens das periferias para evitar mais incidentes.
