Polícia espanhol detido por asfixiar até à morte homem que tentou furtar-lhe o telemóvel
Um agente da Polícia Municipal de Madrid foi detido, na quarta-feira à noite, em Torrejón de Ardoz, nos arredores da capital, por ter estrangulado um cidadão do Magreb, com 35 anos, que tinha tentado roubar-lhe o telemóvel, quando caminhava à civil na via pública. O homem morreu asfixiado.
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De acordo com fontes policiais citadas pela agência noticiosa Europa Press, o caso aconteceu por volta das 23 horas de quarta-feira, no centro antigo da localidade de Torrejón de Ardoz, na província de Madrid. Dois agentes da Polícia Municipal à paisana, um no ativo e outro aposentado, passeavam na rua quando foram surpreendidos por dois cidadãos do Magreb (região do norte de África), que haviam tentado roubar-lhes os telemóveis.
Os polícias foram a correr atrás de um dos cidadãos, que foi capturado e imobilizado no chão pelo agente no ativo, com recurso a uma manobra conhecida como "mata-leão" (um golpe de estrangulamento). Um vídeo divulgado pelo jornal espanhol "El País" mostra o momento: o homem no chão e os dois agentes sobre o seu corpo, com um deles sufocando-lhe o pescoço com um braço.
Pouco depois, numa altura em que o cidadão magrebino estava já inconsciente, chegaram ao local agentes da Policía Nacional, que, deparando-se com o cenário, chamaram os serviços de emergência, que realizaram manobras de reanimação durante mais de 30 minutos. Sem sucesso. Segundo a rede de televisão espanhola "Telecinco", o homem morreu por asfixia acidental durante a manobra policial, acabando por sofrer uma paragem cardíaca. Na sequência do falecimento, os agentes da Polícia Nacional detiveram o polícia fora de serviço que aplicou o golpe de "mata-leão", estando agora a aguardar as próximas diligências judiciais.
Para o local, foram depois mobilizados agentes da brigada científica da equipa especializada em homicídios, que assumiu o controlo da investigação.
Família pede justiça: "O meu irmão não era um animal"
Segundo a Europa Press, o falecido era toxicodependente e infrator reincidente em Torrejón de Ardoz, tendo-se envolvido, recentemente, em pequenas rixas e roubos. De acordo com a família da vítima, que falou com a imprensa local, o homem sofria de esquizofrenia e já tinha sido detido 44 vezes. Em declarações aos jornalistas, exigiram justiça pela morte do homem, considerando que foi um ato de "racismo". "Não entendo. O meu filho foi morto na rua. Se ele roubar um telemóvel, é preso ou multado. Não podem fazer isto com ele. Mataram um rapaz de 40 quilos e não vão presos", reclamou o pai, visivelmente abalado com o ocorrido.
O irmão do homem que morreu também denunciou a atuação policial. "Ainda não consigo acreditar no que aconteceu. Quero justiça, porque isto não pode ser feito com um ser humano. O meu irmão era uma pessoa, não um animal", considerou, reclamando à autarquia de Torrejón de Ardoz que verifique se há no local câmaras de vigilância.