Polícia esteve duas vezes na casa onde três mulheres viveram 10 anos de cativeiro
Três mulheres que estavam desaparecidas há cerca de uma década - duas das quais desapareceram ainda adolescentes - foram encontradas vivas numa casa em Cleveland, Estados Unidos, revelou a polícia do Ohio esta segunda-feira. Três suspeitos, irmãos, com idades compreendidas entre os 50 e os 54 anos, foram detidos.
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Uma chamada para o número de emergência foi feito por uma voz feminina em pânico: "Ajudem-se. Sou Amanda Berry". O diálogo com a operadora da polícia deixou claro o que estava a acontecer. "Fui raptada e estive desaparecida durante 10 anos e estou aqui. Estou livre agora". Foi este telefonema que conduziu a Polícia a uma casa na cidade norte-americana de Cleveland onde Amanda e duas outras mulheres, desaparecidas há uma década, foram encontradas esta segunda-feira.
A Polícia deteve, mais tarde, três irmãos cujos nomes não foram divulgados de forma oficial, assim como não foram dadas mais informações sobre as acusações que enfrentam.
A Polícia de Cleveland confirmou entretanto que esteve duas vezes na casa onde as três vítimas se encontravam sob cativeiro, em 2000 e 2004, mas nunca suspeitou de nada.
De acordo com o chefe da Polícia, Michael McGrath, as autoridades estão convencidas que Amanda Berry, Gina DeJesus e Michelle Knight foram mantidas fechadas na casa desde que foram raptadas, ainda jovens.
Na casa estava também uma criança de 6 anos mas a Polícia não esclareceu a sua identidade ou a relação com qualquer das pessoas envolvidas. As mulheres aparentam estar de boa saúde mas foram levadas para o hospital para serem avaliadas e se reunirem com as famílias.
O resgate das mulheres começou com um telefonema em pânico para a Polícia. Um vizinho, Charles Ramsey, descreveu aos canais de televisão locais que ouviu uma mulher a gritar e foi então que viu Amanda Berry, que não conhecia, na porta cuja abertura permitia apenas passar uma mão. De acordo com Ramsey, a mulher tentava desesperadamente sair e pediu ajuda para contactar a Polícia.
Outra vizinha disse que estava no alpendre de casa com um grupo de amigos quando ouviu alguém no outro lado da rua a pontapear uma porta e a gritar. Um dos seus amigos ajudou Amanda a partir a porta.
Quando Amanda Berry disse ter sido raptada e mantida em cativeiro, a vizinha emprestou-lhe um telefone para contactar a Polícia, que chegou passados poucos minutos e retirou as restantes mulheres da casa.
No telefonema para a Polícia, a mulher identificou-se como Amanda Berry, disse ter sido raptada por um homem e pediu para que a Polícia fosse rapidamente para a casa antes que este regressasse: "Fui raptada e estive desaparecida nos últimos 10 anos". "Estou aqui. Estou livre agora".
Amanda Berry desapareceu com 16 anos, no dia 21 de abril de 2003, depois de ter ligado à irmã a dizer que tinha boleia para regressar a casa do seu emprego num Burger King. Cerca de um ano mais tarde, desapareceu Gina DeJesus, então com 14 anos, no caminho da escola para casa. Michelle Knight, de acordo com a Polícia, desapareceu em 2002 e tem agora 32 anos.
Três irmãos detidos
A Polícia confirmou que um dos irmãos detidos, de 52 anos, vivia na casa e os outros dois, de 50 e 54 anos, viviam noutro local.
Charles Ramsey, o vizinho que correu em auxílio de Amanda, disser ter estado em churrascos com o dono da casa e que nunca suspeitou de nada. "Não havia nada de especial nele. Bem, até hoje", disse Ramsey.
Julio Castro, proprietário de uma mercearia perto do local, confirmou que o dono da casa detido é o seu sobrinho Ariel Castro. Ariel também foi identificado na chamada que Amanda Berry fez para a Polícia.
De acordo com o tio, Ariel Castro trabalhou como motorista de autocarro escolar, o que foi já confirmado pelas autoridades escolares.