A polícia francesa expulsou, esta quarta-feira, 650 pessoas de três campos de imigrantes em Calais (norte), apesar dos alertas e críticas de diversas associações que denunciam o tratamento face aos migrantes que tentam alcançar o Reino Unido.
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Responsáveis locais citados pela agência noticiosa AFP referiram que 200 polícias foram enviados, às 08.00 horas locais (07.00 horas em Portugal continental), para proceder à expulsão dos ocupantes dos campos, instalados na zona portuária da cidade, e que de seguida foram arrasados.
A confusão foi generalizada, em particular no maior campo que albergava 400 pessoas, na maioria exilados sírios e afegãos, pelo facto de os migrantes não terem outro local para se instalarem. "As pessoas estão no limite e procuram um local onde se sintam seguras", disse à AFP Cecile Bossy, da ONG francesa Médicos do Mundo.
As autoridades disseram que a expulsão se destinou a impedir o alastramento de uma epidemia de sarna nos acampamentos, sem água corrente ou instalações sanitárias.
A maioria das pessoas vivia em abrigos rudimentares e tendas, construídas essencialmente com pedaços de madeira e plásticos.
As forças da ordem tentaram igualmente desalojar várias dezenas de imigrantes que há dois dias encontraram refúgio no centro de distribuição de alimentos, onde os militantes ergueram barricadas. "Salvo no caso de uma rebelião dos ativistas, não vão registar-se detenções", afirmou em conferência de imprensa o presidente da câmara de Calais, Denis Robin, que propôs o alojamento dos imigrantes mas fora da sua região. Prometeu ainda "cuidar e albergar dos migrantes mais frágeis".
As forças da ordem tentaram convencer os imigrantes a entrarem em autocarros especiais para um tratamento contra a sarna e serem entrevistados pelos serviços de imigração, mas foram dissuadidos pelas diversas associações presentes.
Entre 800 e 850 migrantes encontram-se atualmente na região de Calais. Até à manhã desta quarta-feira, entre 600 e 650 encontravam-se na zona portuária, onde o número duplicou no espaço de algumas semanas.