
Nuno Loureiro
Foto: Centro de Ciência do Plasma e Fusão do MIT
A polícia intensificou, esta quarta-feira, as buscas para deter o suspeito do homicídio do professor do MIT Nuno F.G. Loureiro, dois dias após este ter sido assassinado a tiro em casa, nos arredores de Boston.
Nuno Loureiro, um físico e cientista de fusão de 47 anos, foi morto na segunda-feira à noite no seu apartamento em Brookline, Massachusetts. Morreu num hospital local na terça-feira, disse o Gabinete do Procurador do Distrito de Norfolk em comunicado.
O gabinete do procurador adiantou que a investigação do homicídio estava "ativa e em curso" no início da tarde de quarta-feira e que não havia atualizações - anteriormente, tinham dito que nenhum suspeito estava preso.
A investigação sobre a morte do professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology) ocorre enquanto a Brown University, outra instituição prestigiada, a apenas 80 quilómetros (50 milhas) de distância, em Providence, Rhode Island, recupera de um tiroteio que matou dois estudantes e feriu nove outros no sábado. O FBI disse na terça-feira não ter indícios de qualquer ligação entre os crimes.
Consternação
Dezenas de pessoas reuniram-se fora do prédio de Nuno Loureiro na noite de terça-feira, muitas com velas na mão, para homenagear o professor e apoiar a sua família.
Algumas pessoas choraram e apoiaram-se umas às outras, mas a maioria dos presentes manteve-se em silêncio, a sua respiração era visível no frio rigoroso. Algumas crianças vieram de trotinetas de casas próximas para a vigília.
Uma estudante de 22 anos na Universidade de Boston, que vive perto do apartamento de Loureiro em Brookline, disse ao "The Boston Globe" que ouviu três ruídos fortes na segunda-feira à noite e temeu que fossem disparom de arma de fogo. "Nunca tinha ouvido nada tão alto, então presumi que eram tiros", disse Liv Schachner. "É difícil de compreender. Parece apenas que continua a acontecer."
Nuno Loureiro, que era casado, juntou-se ao MIT em 2016 e foi nomeado no ano passado para liderar o Centro de Ciência do Plasma e Fusão do MIT, onde trabalhou para promover a tecnologia de energias limpas e outras áreas de investigação. O centro, um dos maiores laboratórios da escola, tinha mais de 250 pessoas a trabalhar em sete edifícios quando ele assumiu o comando. Era professor de física e engenharia nuclear e de ciências.
Cresceu em Viseu, no centro de Portugal, e estudou em Lisboa antes de obter um doutoramento em Londres, segundo o MIT. Foi investigador num instituto de fusão nuclear em Lisboa, antes de se juntar ao MIT, disse a universidade. "Ele iluminava com intensidade como mentor, amigo, professor, colega e líder, e era universalmente admirado pelo seu modo articulado e compassivo", disse Dennis Whyte, professor de engenharia que anteriormente liderou o Centro de Ciência do Plasma e Fusão do MIT, a uma publicação do campus.
A presidente do MIT, Sally Kornbluth, afirmou num comunicado que o assassinato foi uma "perda chocante".
O gabinete do presidente português Marcelo Rebelo de Sousa também emitiu um comunicado de condolências, considerando a morte de Loureiro "uma perda irreparável para a ciência e para todos aqueles com quem trabalhou e conviveu."
Loureiro tinha dito que esperava que o seu trabalho moldasse o futuro. "Não é exagero dizer que o MIT é o lugar onde se vai para encontrar soluções para os maiores problemas da humanidade," afirmou quando foi nomeado para liderar o laboratório de ciência do plasma no ano passado. "A energia de fusão irá mudar o rumo da história da humanidade", acrescentou.
A morte do físico Nuno Loureiro foi anunciada em Portugal pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, durante uma audição parlamentar, sem avançar mais informações.
O Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, onde o físico se formou e fez investigação, lembrou, em comunicado, o "colega brilhante com quem era um prazer científico e pessoal colaborar".
Nos Estados Unidos recebeu, em 2017, o Prémio Carreira da Fundação Nacional de Ciência e, mais recentemente, em 2025, o Prémio Presidencial de Início de Carreira para Cientistas e Engenheiros, concedido em janeiro pelo então Presidente Joe Biden.
