Vários líderes e participantes nos protestos de quinta-feira deverão ser detidos nas próximas semanas. Governo procura formas de expandir o uso da tecnologia de reconhecimento facial para conseguir identificar mais suspeitos.
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Numa altura em que o Governo e as autoridades da República da Irlanda estão sob crescente pressão, após os tumultos anti-imigração em Dublin, na passada quinta-feira, a Garda Síochána, força policial nacional civil, anunciou uma operação em larga escala. Segundo o jornal “Irish Times”, além das 34 pessoas já detidas, deverão ser ainda realizadas “detenções em massa” nas próximas semanas, que visam os líderes e participantes nos motins que deixaram Dublin à beira do caos, com saques, incêndios e violência.
A Ministra da Justiça, Hellen McEntee, anunciou a vontade de acelerar a aprovação de uma legislação que permita expandir o uso da tecnologia de reconhecimento facial, de forma a conseguir identificar ainda mais suspeitos. Com cerca de 6000 horas de imagens de câmaras de vigilância, McEntee destacou a necessidade de uma análise rápida, garantindo que esta tecnologia poderá agilizar o processo.
A proposta desagradou, porém, aos defensores da liberdade civil, à oposição do Executivo irlandês e ao Partido Verde, parte da coligação governamental. O porta-voz do Partido Trabalhista sublinhou que "aprovar leis sem um debate adequado não é a solução”. A ministra deverá ser questionada sobre esta medida amanhã, no Parlamento, e há a possibilidade de ser convocada, juntamente com o comissário da polícia, Drew Harris, para uma audiência na Comissão de Justiça para apurar possíveis responsabilidades pelos tumultos.
A líder do Sinn Féin, Mary Lou McDonald, reiterou o apelo à renúncia de McEntee e Harris dos respetivos cargos, argumentando que os motins da semana passada fazem parte de um quadro mais amplo de distúrbios na capital.
A desordem instaurou-se após um esfaqueamento, no exterior de uma escola primária na Praça Parnell, resultar em cinco feridos, incluindo três mortos. O boato de que o suspeito seria um imigrante argelino começou a espalhar-se nas redes sociais e cerca de 500 pessoas, impulsionadas pela ideologia de extrema-direita, reuniram-se em torno do local do ataque.