Procurado pelas autoridades venezuelanos o coordenador do partido Vontade Popular, Carlos Vecchio, apareceu numa numerosa marcha em Caracas, onde acusou o Governo da Venezuela de não defender os interesse genuínos do povo e advertiu sobre tempos difíceis para o país.
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Na clandestinidade desde 27 de fevereiro último, Carlos Vecchio é procurado "pelos alegados crimes de fogo posto, incitamento público, destruição e associação" para cometer detido, na sequência de um mandado de detenção emitido pelo Juiz Ralenis tovar Guillen.
"Esta luta não é de um povo contra um povo, mas de um povo que sofre contra a cúpula que está no poder (?) Os que hoje nos governam já não defendem os interesses genuínos e legítimos de uma parte da população", disse Carlos Vecchio aos milhares de manifestantes opositores que participaram na "marcha pela liberdade", em Caracas.
O político frisou ainda que "na Venezuela se verá um novo nascimento" e que em tempos difíceis é preciso buscar quem tem em mente os libertadores da pária para resgatar a dignidade do povo e ter um país livre.
"Corre-nos sangue de Bolívar, Sucre e de tantos venezuelanos que deram a sua vida e continuam dando para que vivamos livres. A Venezuela vale a pena!", disse, fazendo alusão ao Libertador Simón Bolívar que liderou a independência da Venezuela, Bolívia, Colômbia, Equador, Panamá e Peru dos espanhóis e a António José de Sucre, tipo como um herói da independência latino-americana.
Desde há seis semanas que na Venezuela se registam diariamente protestos em várias regiões do país, contra a insegurança, a escassez de produtos, contra a repressão policiais e pela libertação de presos políticos que, sendo pacíficas, têm desencadeado situações de violência que já ocasionaram pelo menos 33 mortos.
Em menos de 24 horas ocorreram duas mortes, a de Wilfredo Jaimes, de 32 anos de idade, assassinado a tiro na cidade de San Cristóbal -810 quilómetros a sudoeste de Caracas-, por grupos de motociclistas alegadamente simpatizantes do governo venezuelano que dispararam contra um grupo de manifestantes que tocavam tachos pela presença de guardas nacionais (polícia militar) na zona.
Por outro lado Argenis Hernández, de 26 anos, foi assassinado a tiro por um motociclista, sexta-feira, quando protestava junto duma barricada no município de San Diego, Estado de Carabobo, 160 quilómetros a oeste de Caracas. O motociclista teria respondido a tiros, quando os manifestantes lhe reclamaram que tentava passar por cima dos obstáculos colocados na via.
Na última semana foi detido o presidente da Câmara Municipal de San Cristóbal, Daniel Ceballos, por alegadamente apoiar a "violência insurrecional" de manifestantes na área da sua jurisdição.
O presidente da Câmara Municipal de San Diego, Vicencio Scarano Spisso, mais conhecido como Enzo Scarano, por "desacatar" uma sentença do Supremo Tribunal de Justiça de 12 de fevereiro último, que ordenava empreender as ações necessárias para evitar a colocação de barricadas na jurisdição.
A sentença determina ainda que Vicencio Scarano Spisso cessará funções como presidente daquela câmara municipal.