Políticos alemães criticam serviços secretos no caso dos presumíveis homicidas neonazis
O homicídio na Alemanha de 10 pessoas na última década, nove imigrantes e uma agente da polícia, presumivelmente por um grupo terrorista neonazi, gerou críticas contra os serviços secretos e informadores de extrema direita.
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Políticos de vários quadrantes exigiram esta terça-feira que se limite o número de tais informadores, alegando que estes são ineficazes, e além disso bloqueiam um eventual processo de proibição de partidos como o NPD no Tribunal Constitucional.
Em 2003, um processo iniciado pelo governo de centro-esquerda do chanceler Gerhard Schröder e pelo parlamento para interditar o NPD fracassou, porque o supremo considerou impossível saber se a linha política do partido é determinada pelos seus cabecilhas ou pelos informadores dos serviços de inteligência nele infiltrados.
Os serviços de informações desmentiram esta terça-feira que tenha havido qualquer cooperação com o trio de neonazis suspeito de ter praticado, pelo menos, 10 homicídios e vários assaltos a bancos, entre 2000 e 2007.
Dois homens que faziam parte do trio, neonazis de Jena procurados pela justiça, suicidaram-se recentemente em Eisenach (Turíngia), dentro de uma "roulotte", depois de terem sido cercados pela polícia, na sequência de outro assalto a um banco.
O terceiro elemento do trio, uma mulher de 36 anos, entregou-se às autoridades, e está em prisão preventiva.
No fim de semana, a polícia deteve ainda perto de Hannover um quarto elemento suspeito de ter dado ajuda logística aos presumíveis homicidas.
Vários jornais alemães noticiam esta terça-feira que elementos dos serviços de informação terão estado no local e no momento em que foram praticados os homicídios pelos dois neonazis que se suicidaram.
No entanto, esta hipótese ainda está a ser analisada pela Polícia Judiciária federal, que assumiu esta terça-feira o comando das investigações.
O coordenador da bancada parlamentar social democrata, Thomas Oppermann, exigiu entretanto a retirada dos informadores enquadrados nos serviços de inteligência de partidos neonazis, criticando o facto de estes militantes de extrema-direita estarem a ser pagos pelo Estado.
Oppermann é presidente do grémio de controlo parlamentar dos serviços de informações, que esta terça-feira se reuniu em Berlim, à porta fechada, para debater o papel das autoridades neste caso que está a chocar a opinião pública alemã.
Após a reunião, o deputado social-democrata revelou que houve "circunstâncias problemáticas" nas delegações dos serviços de inteligência dos Estados federados de Hessen e da Turíngia, nos últimos anos.
Entretanto, no congresso da CDU, em Leipzig, a chanceler Angela Merkel apresentou uma moção aprovada por unanimidade pelos mil delegados para que se estude a possibilidade de iniciar novo processo jurídico destinado a proibir o NPD, principal formação da extrema-direita alemã, com deputados em dois parlamentos regionais, em Schwerin e Dresden, e vereadores em dezenas de autarquias em todo o país.