O ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Radoslaw Sikorski, afirmou hoje que o seu país pode intercetar o avião do presidente russo, Vladimir Putin, se este atravessar o espaço aéreo polaco para participar numa cimeira na Hungria.
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Em declarações a uma rádio local, Siroski aludiu à possibilidade de o avião oficial do presidente russo voar para Budapeste através do espaço aéreo polaco, que está atualmente fechado aos aviões russos.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o homólogo russo concordaram na passada quinta-feira com a realização de uma reunião na capital húngara para negociar o fim da guerra, desencadeada pela invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Neste contexto, o ministro polaco advertiu que Varsóvia "não pode garantir que um tribunal independente não ordene ao Governo que detenha esse avião para levar um suspeito [de crimes de guerra] ao tribunal de Haia", referindo-se ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
Reagindo a estas observações, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, citado pela agência russa RIA Novosti, afirmou que os avisos sobre a segurança do avião de Putin "provam que os polacos estão prontos para cometer atos de terrorismo".
O risco de detenção a que Sikorski se referiu baseia-se no mandado de captura emitido pelo TPI a 17 de março de 2023, contra o presidente russo e Maria Lvova-Belova.
Ambos são acusados de crimes de guerra e de deportação e deslocação ilegal de crianças cometidos em ou após 24 de fevereiro de 2022, data em que começou a invasão russa da Ucrânia.
O ministro polaco sugeriu que Putin poderia, em alternativa, dirigir-se até Bucareste sobrevoando a Turquia, Montenegro e Sérvia.
Já a Bulgária anunciou na segunda-feira que estaria disposta a deixar o presidente russo sobrevoar o seu espaço aéreo para se dirigir à Hungria para participar na anunciada cimeira sobre a Ucrânia com o homólogo norte-americano.
"Como poderia a reunião decorrer se um dos participantes não pudesse comparecer?", questionou na ocasião o chefe da diplomacia de Sófia, Georg Georgiev, segundo o jornal 'online' búlgaro Novinite, a propósito da autorização à passagem de Putin.
A ordem do tribunal sediado em Haia obriga os 125 Estados signatários do Estatuto de Roma (incluindo a Polónia), o tratado que criou o TPI, a prender Putin se este entrar no seu território.