
EUA dizem que pos tanques Abrams não são uma boa opção para a Ucrânia
EPA/Jakub Kaczmarczyk
Volodymyr Zelensky espera "decisões fortes" do encontro de países da NATO, esta sexta-feira, na base norte-americana de Ramstein. A Polónia está disposta a avançar com o fornecimento de tanques de guerra, enquanto os EUA anunciaram envio de material bélico que incluiu, pela primeira vez, veículos armados Stryker, mas Alemanha e França permanecem indecisas sobre o envio de material ofensivo para Kiev.
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O futuro da Ucrânia pode começar a definir-se, esta tarde, na base área norte-americana de Ramstein, na Alemanha. Representantes de 50 países do Grupo de Contaco de Defesa da NATO encontram-se para decidir que tipo de apoio militar vão fornecer à Ucrânia, quando se avizinha a campanha de primavera. Kiev diz que precisa de tanques de guerra e equipamento ofensivo para recuperar território perdido para a Rússia e as potência do Ocidente, que têm fornecido apenas material defensivo, começam a ultrapassar as inibições e ponderam enviar armamento de ataque para a Ucrânia.
A Polónia parece a mais determinada a furar o bloqueio defensivo e a progredir no terreno da ajuda militar a Kiev com o fornecimento de tanques de fabrico alemão Leopard 2. O envio deste equipamento carece de aprovação do país fabricante, mas Varsóvia diz que "o consentimento é secundário" e, em conjunto com a Finlândia, pretende enviar 14 destes veículos de combate para as forças armadas ucranianas . "Ou obtemos este consentimento depressa ou avançamos por nós", alertou o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, citado pelo jornal "The Guardian", em declarações esta sexta-feira de manhã, preparando o terreno e o ambiente para reunião da NATO.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia, Pawel Jablonski, reiterou, esta sexta-feira, que se a Alemanha não autorizar o envio de tanques Leopard para a Ucrânia, Varsóvia tomará medidas "fora do padrão". E o assessor presidencial polaco Pawel Soloch foi mais longe, considerando que se abrirá "uma fenda na NATO" em caso de recusa de Berlim, avança a Agência Lusa.
Numa conferência de imprensa em Varsóvia, Soloch disse que uma recusa alemã "será extremamente desfavorável para a situação no seio da Aliança Atlântica" e acrescentou que "está quase tudo nas mãos da determinação de países como a Polónia, a Finlândia ou a Dinamarca", este último que anunciou que vai fornecer 19 canhões Caesar de fabrico francês. Acrescem à lista estados como a Estónia, que anunciou um plano de 113 milhões de euros de apoio militar, e a Suécia, que doou 50 carros de combate Type 90 e canhões Archer.
  
"Haverá países a enviar Leopard 2 para Ucrânia, isso é certo", disse Arvydas Anusauskas, primeiro-ministro da Lituânia, ourtro país do Bâltico que sente o bafo russo no pescoço. Mas Kiev receia sufocar às mãos do império a Leste se a ajuda não aumentar.
"Agradecemos todo o apoio recebido até ao momento - e os vossos sistemas antiaéreos - mas precisamos artilharia e tanques", disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na abertura das sessões que precedem a reunião internacional na base norte-americana de Ramstein. "Temos de atuar com rapidez, o tempo deve estar do nosso lado, deve ser uma das nossas armas, tal como os veículos blindados de combate e os sistemas de defesa antiaérea", acrescentou.
O "nim" de França e Alemanha e a ajuda dos EUA
A Alemanha, pressionada, admite ponderar o envio dos tanques Leolpard 2, considerados a melhor opção de combate para a Ucrânia, se os EUA também avançarem com equipamento idêntico. Washington não se compromete e argumenta que o envio dos afamados tanques Abrams não é uma boa solução par Kiev. "É um equipamento muito complicado. É caro, com treino difícil e tem um motor a jato que gasta cerca de 8,5 litros de combustível por quilómetro. Não é o sistema mais fácil de manter", argumentou o subsecretário norte-americano Colin Kahl. Ccomentários feiros após o anúncio do reforço da ajuda militar norte-americana à Ucrânia, com um pacote de 2,5 mil milhões de dólares (cerca de 2,31 mil milhões de eurpos), que incluiu, pela primeira vez, veículos de combate Stryker e Bradley.
A França sinalizou que considera enviar tanques Leclerc para a Ucrânia, como parte de um acordo com a Alemanha. "O assunto é complicado e não é ponto assente em Paris. Estamos a pensar", disse um oficial francês, citado pelo jornal "Politico", sinalizando que a questão pode ser discutida num encontro bilateral no domingo.
Do outro lado do canal, o Reino Unido parece mais agressivo e anunciou que vai fornecer 14 tanques Challanger 2, num pacote de ajuda que incluiu ainda 600 mísseis antitanque Brimstone. "Estamos nisto a longo prazo", disse o Secretário da Defesa britânico, Ben Wallace, ao anunciar a ajuda, durante um encontro de nove países, na Estónia, para preparar a reunião de Ramstein.
Do encontro, na quinta-feira, saiu o "Compromisso de Talin", um documento que reforça o apoio a Kiev. "Juntos, continuaremos a apoiar a Ucrânia para que passe da resistência à expulsão das forças russas de solo ucraniano", indica o documento divulgado pelo Ministério da Defesa da Estónia.
"O novo nível de combate requerido apenas se consegue através de combinações de carros de combate, sistemas de defesa antiaérea e antimísseis", acrescenta o documento aprovado pelos representantes de países como Estónia, Polónia, Letónia, Lituânia, Dinamarca, República Checa, Alemanha, Países Baixos, Eslováquia, Espanha e Reino Unido.
  
A questão está no ar e chegou a Moscovo. Na segunda-feira, a Rússia disse que estava pronta para retaliar. "Estes tanques ardem e arderão", declarou o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, numa conferência de imprensa por telefone.
Peskov voltou a afirmar que os países ocidentais estão a utilizar a Ucrânia "para atingir objetivos antirrussos" e que o Kremlin continua determinado a atingir "os objetivos da operação militar especial", um eufemismo das autoridades russas para descrever a guerra contra o país vizinho.
