O chefe da diplomacia polaca decidiu encerrar um consulado russo por “sabotagem”, após as autoridades do país terem acusado a Rússia de orquestrar um incêndio que destruiu um centro comercial de Varsóvia no ano passado.
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“Devido às provas de que foram os serviços secretos russos que levaram a cabo o ato repreensível de sabotagem contra o centro comercial Marywilska, decidi retirar a minha autorização para a atividade do consulado russo em Cracóvia”, afirmou o Ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Radoslaw Sikorski, no X. A Federação Russa disse que irá responder de forma adequada à decisão.
“Varsóvia continua a minar deliberadamente as relações, agindo contra os interesses dos seus cidadãos”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, acrescentando que ‘uma resposta adequada a estas medidas inadequadas será dada em breve’.
Sabotagem em centro comercial
As autoridades polacas acusaram no domingo os serviços secretos russos de orquestrarem um incêndio que destruiu um grande centro comercial no ano passado na capital, Varsóvia. Desde a ofensiva russa contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, a Polónia - um fiel aliado de Kiev - afirma ser alvo de tentativas de sabotagem atribuídas à Rússia.
Em maio de 2024, um incêndio destruiu completamente um grande centro comercial em Varsóvia e as 1400 pequenas empresas que albergava, a maioria das quais pertencentes a membros da comunidade vietnamita. As autoridades abriram imediatamente um inquérito, mas até agora evitaram culpar Moscovo.
“Sabemos agora com certeza que o grande incêndio do centro comercial Marywilska, em Varsóvia, foi causado por fogo posto encomendado pelos serviços secretos russos”, declarou o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, no dia seguinte.
Os ministérios da Justiça e do Interior afirmaram, numa declaração conjunta no domingo, que alguns dos alegados autores do incêndio já se encontram detidos, enquanto outros foram identificados, mas continuam a monte.
“As ações foram organizadas e dirigidas por uma pessoa específica que reside na Federação Russa”, afirmaram os dois ministérios, acrescentando que estavam a cooperar com a Lituânia, "onde alguns dos autores também realizaram atos de sabotagem".
Desde a invasão russa da Ucrânia, a Polónia deteve e condenou vários indivíduos suspeitos de sabotagem em nome dos serviços secretos russos, acusados de assaltos, fogo posto ou tentativa de fogo posto.
Em maio de 2024, a Polónia impôs restrições aos movimentos de diplomatas russos no seu território, devido ao “envolvimento” de Moscovo numa “guerra híbrida”. Cinco meses mais tarde, Varsóvia ordenou o encerramento do consulado russo em Poznan, no oeste da Polónia, acusando Moscovo de orquestrar “tentativas de sabotagem”.
Em dezembro, a diplomacia polaca afirmou estar disposta a encerrar todos os consulados russos na Polónia se os atos de “terrorismo” continuassem. Em janeiro, a Rússia fechou o consulado polaco em São Petersburgo como retaliação.
Fazendo fronteira com a Ucrânia, a Polónia - membro da NATO e da União Europeia - é um dos principais países através dos quais as nações ocidentais fornecem armas e munições a Kiev para ajudar a Ucrânia a combater as tropas russas.