<p>Uma “pontinha” da nuvem de poeiras expelidas pelo vulcão Eyjafjallajokull, na Islândia, deverá entrar no espaço aéreo português nas próximas horas.</p>
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As últimas previsões avançadas às 21 horas, pelo Instituto de Meteorologia (IM), apontavam para que uma pequena porção da nuvem de cinzas entrasse, a partir das zero horas de hoje, no espaço aéreo português, sem atingir, porém, quer o arquipélago dos Açores, quer o território peninsular.
O meteorologista João Jacinto explicou ao JN que, com base nos cálculos do Centro Consultivo de Cinzas Vulcânicas de Londres (Reino Unido), é impossível prever precisamente a trajectória da nuvem.
O que se sabe é que, já ontem, a nuvem penetrou na região de influência de voo até ao paralelo 45, o que deu origem a um comunicado sobre fenómenos significativos para a aeronáutica.
Controlo aéreo dos Açores de vigilância
Durante o sábado, as cinzas causadas pelo vulcão em erupção na Islândia entraram numa pequena área do espaço afecto ao controlo aéreo assegurado a partir da ilha de Santa Maria, nos Açores.
Uma fonte do Instituto de Meteorologia no aeroporto de Ponta Delgada garantiu, porém, à Agência Lusa não se prever que nas próximas horas a situação tenha reflexos no tráfego aéreo no arquipélago.
A nuvem de cinzas detectada no espaço aéreo controlado a partir de Santa Maria está localizada a cerca de 780 quilómetros a norte dos Açores, adiantou a meteorologia Patrícia Navarro.
Segundo acrescentou, as cinzas ocupam uma área de cerca de 110 quilómetros, calculados a partir do limite norte da zona afecta ao controlo garantido a partir de Santa Maria.
Mais de 17 mil voos cancelados
Mais de 17 mil voos cancelados e um número crescente de aeroportos encerrados é o balanço do terceiro dia de caos no espaço aéreo da Europa devido às nuvens de cinzas emanadas do vulcão islandês. Sem previsão de melhorias, as cinzas continuam a invasão do continente, agora a Sul e a Leste. A deslocação da nuvem de cinza do vulcão da Islândia permitiu à AENA, entidade que regula os aeroportos espanhóis , reabrir sete aeroportos (Astúrias, Santander, Bilbau, San Sebastian, Vitoria, Pamplona e Logronho) que tinha preventivamente decidido encerrar.
Segundo a Eurocontrol (Organização Europeia pela Segurança da Navegação Aérea, que controla o tráfego aéreo em 38 países), pelo menos 23 países fecharam o seu espaço aéreo, total ou parcialmente. No Reino Unido, os aeroportos estarão fechados pelo menos até à manhã de hoje e no Norte de França e da Itália permanecerão sem tráfego até amanhã.
Milhões de passageiros estão a ser afectados pelas restrições aéreas e as companhias áreas registam volumosas perdas com o encerramento sem precedentes da aviação comercial. "Nunca antes a Europa foi, simultânea e quase completamente, afectada desta forma", enfatizou Kenneth Thomas, da Eurocontrol.
Entre quinta-feira e ontem, foram cancelados 849 voos em Portugal, de acordo com informações da ANA - Aeroportos de Portugal. Só durante o dia de ontem, o número de ligações que não se efectuaram foi 423 voos, sendo que a maioria tinha como proveniência ou destino cidades da Europa Central e do Norte.