Pontos-chave: evacuação a conta-gotas da cidade que é exemplo de "tortura até à morte"
Sem um cessar-fogo total, continua, a conta-gotas, a retirada de civis retidos na siderúrgica Azovstal, em Mariupol, "exemplo de tortura e fome usadas como arma de guerra", diz Zelensky. De Moscovo, chegou a notícia de que não haverá celebrações do Dia da Vitória na cidade martirizada, mas haverá um aviso "apocalítico" ao Ocidente sobre a força russa. Eis os principais pontos deste 72.º dia de guerra.
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- Três autocarros com 48 civis - o primeiro com 12, o segundo com 13 e o terceiro com 23, incluindo crianças - saíram hoje do complexo siderúrgico de Azovstal, sitiado pelas forças russas, na cidade ucraniana de Mariupol, onde continua a operação de evacuação. Prevê-se que saia um quarto autocarro ainda hoje, enquanto o corredor humanitário vigora.
- O regimento Azov, que defende o complexo de Azovstal, onde estão entrincheirados os últimos combatentes ucranianos da cidade martirizada, acusou as forças russas de dispararem sobre uma viatura que participava na operação de retirada de civis, matando um soldado e deixando seis feridos. "No decurso do cessar-fogo no território da fábrica, uma viatura foi atingida por um míssil teleguiado anticarro disparado pelos russos. Esta viatura dirigia-se em direção aos civis para os retirar da fábrica", indicou o regimento, conotado com a extrema-direita neonazi, lamentando que a Rússia continue "a violar todos os acordos e a desrespeitar as garantias de segurança das retiradas de civis".
- O presidente ucraniano disse que a devastada Mariupol é "um exemplo de tortura e fome usadas como arma de guerra", acrescentando que nenhuma organização internacional pode entrar na cidade portuária. "A morte não é causada pela guerra. Isto não é um evento militar. Isto é tortura até à morte. É terrorismo e ódio", afirmou Volodymyr Zelensky, voltando a pedir armas e equipamentos para quebrar o cerco à siderúrgica Azovstal. Questionado pelos jornalistas sobre as condições em que aceitaria um acordo de paz com a Rússia, Zelensky respondeu ter sido eleito como presidente da Ucrânia, e não de uma "mini-Ucrânia".
- Falando ao parlamento da Islândia, o líder ucraniano disse que, desde o início da guerra, mais de 500 mil ucranianos foram deportados à força para a Rússia, perdendo o acesso aos seus documentos e meios de comunicação. O Ministério da Defesa ucraniano disse que os ucranianos residentes na região de Lugansk estão a ser obrigados a aceitar um passaporte emitido pelo governo separatista pró-russo e que, se não o aceitarem, poderão sofrer retaliações.
- Metade do território da Ucrânia está contaminada por minas e projéteis por explodir, disse o primeiro-ministro ucraniano. "Surge a enorme necessidade de desminar o território. Mais de 300 mil quilómetros quadrados do território da Ucrânia estão contaminados com minas ou projéteis sem explodir", detalhou Denis Shmigal, numa mensagem divulgada no Telegram, segundo a agência noticiosa Unian.
- A Rússia fez hoje saber que não haverá celebrações do Dia da Vitória na cidade de Mariupol. A data, comemorada no dia 9 de maio nos países sob influência da antiga União Soviética, assinala a capitulação das forças nazis perante as tropas soviéticas na Segunda Guerra Mundial e este ano prometia um novo simbolismo, com os serviços de informações ocidentais a passarem a mensagem de que o Kremlin gostaria de celebrar o dia com um desfile militar em Mariupol. Mas as autoridades russas têm esvaziado as expectativas relativamente a um sucesso militar na cidade até então, pelo que os supostos planos sairão frustrados. "Chegará a hora" de celebrar em Mariupol, prometeu o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acrescentando, por outro lado, que há planos para visitas oficiais à cidade nesse dia.
- De acordo com a agência Reuters, a Rússia planeia deixar um aviso "apocalítico" ao Ocidente durante as comemorações do Dia da Vitória, em Moscovo, que contarão com um desfile de tanques, mísseis balísticos intercontinentais, caças supersónicos e, pela primeira vez desde 2010, com o avião do "juízo final", que, no cenário de uma guerra nuclear, se tornaria no centro de comando móvel do presidente russo.
- A Amnistia Internacional divulgou um relatório, com as conclusões de uma investigação no terreno, em que defende que as forças russas têm de responder na Justiça por crimes de guerra cometidos na Ucrânia. O documento - que pode consultar aqui - contém testemunhos de dezenas de pessoas e provas de execuções sumárias e bombardeamentos contra civis. Leia mais aqui
- As autoridades das ilhas Fiji arrestaram, a pedido dos Estados Unidos, um super-iate que pertencerá a um oligarca russo alvo de sanções do Ocidente, anunciou na quinta-feira o Departamento de Justiça norte-americano. A embarcação "Amadea", avaliada em cerca de 300 milhões de dólares (mais de 285 milhões de euros), será propriedade do empresário e deputado Suleiman Kerimo, e estava ancorada em Lautoka, no oeste das Fiji, desde meados de abril, até que a Justiça filipina emitiu a ordem de arresto, na terça-feira. O "Amadea" é um bicharoco de 107 metros, com piscina, jacuzzi, heliporto e um jardim de inverno. Veja aqui a fotogaleria