Crispin Blunt, Andrew Bridgen e Jamie Wallis são alguns dos membros do Parlamento inglês que pedem a demissão da primeira-ministra britânica. Biden considerou plano económico de Truss um "erro".
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Com apenas 41 dias de governação, Liz Truss tem vindo a ser alvo de críticas, tanto no Reino Unido, como fora do país. A demissão de Kwasi Kwarteng, antigo ministro das Finanças, substituído por Jeremy Hunt, na sexta-feira, e o recuo no mini-orçamento, realizado em conjunto com Kwarteng, têm criado uma onda de contestação e descontentamento, havendo já pedidos de deputados conservadores para a demissão da primeira-ministra britânica.
No domingo, foram três os deputados do Partido Conservador a pedir a demissão de Liz Truss. O primeiro a expressar esta vontade publicamente foi Crispin Blunt, numa entrevista ao Channel 4, onde referiu que "o jogo acabou" para Liz Truss.
Explicou que a maioria dos deputados já percebeu que a "autoridade da primeira-ministra Liz Truss está agora fatalmente danificada", dizendo ainda que a demissão de Truss tem de ser "agora", já que esta "não consegue ganhar ou manter a confiança dos seus colegas, muito menos do público e dos incansáveis média". Blunt terminou o discurso dizendo que os conservadores precisam de "responder coletivamente a este momento de crise suprema".
Andrew Bridgen pronunciou-se de seguida através de uma publicação nas redes sociais, na qual referia que "Liz afundou a sua própria liderança e o potencial regresso do seu antecessor, tudo ao mesmo tempo e em tempo recorde". Bridgen considera que Truss "agora só tem o apoio de um terço dos deputados eleitos". O deputado acredita que durante esta semana é de se esperar mais alvoroço no Parlamento e que, se a situação não se resolver imediatamente, o único caminho a seguir será para eleições gerais.
Jamie Wallis foi o último dos deputados a pedir a demissão da chefe de Governo. No Twitter, o deputado partilhou uma carta enviada a Liz Truss, na qual escreve: "Nas últimas semanas, vimos como o Governo tem minado a credibilidade económica da Inglaterra e fraturado o nosso partido de forma irreparável. Já chega" e "Acredito que estas falhas surgiram de erros muito básicos e evitáveis na sua abordagem".
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Tal como Crispin Blunt, Jamie Wallis considera que Truss já não tem a confiança do país ou do seu próprio partido, sendo a única solução pedir-lhe "que abandone o cargo de primeira-ministra". Wallis acrescenta ainda que "esta é a coisa certa a fazer para garantir a estabilidade, segurança e prosperidade das pessoas a quem deve tudo."
Mesmo fora do Reino Unido, as contestações ao Governo de Liz Truss começam a ser notórias. No sábado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou o plano económico da chefe de Governo considerando-o um "erro".
"Não fui o único a pensar que era um erro", disse o presidente norte-americano referindo-se ao mini-orçamento de Truss. "Acho que a ideia de reduzir os impostos aos mais ricos numa altura [como esta] - de qualquer forma, apenas acho - discordo da medida, mas acho que fica ao critério da Grã-Bretanha fazer esse julgamento, não a mim", acrescentou.
Popularidade de Truss em baixa
Mesmo com um pouco mais de um mês de Governo, a popularidade de Liz Truss já está a ser posta em causa. De acordo com uma sondagem instantânea, realizada pela YouGov antes da demissão de Kwasi Kwarteng, 59% dos inquiridos acreditam que Truss se deve demitir, sendo que apenas 19% quer que a chefe de Governo se mantenha no cargo e 22% respondeu "não sei".
Uma outra sondagem realizada pela Opinium, publicada a 8 de outubro, mostra que o nível de aprovação de Liz Truss está com níveis inferiores aos de Boris Johnson, durante o escândalo de Partygate, e também aos de Theresa May, antes de a mesma renunciar ao cargo.