Portal de notícias da Microsoft associa automaticamente sondagem a notícia do "The Guardian"
O diário britânico "The Guardian" acusa a Microsoft de colocar em causa a sua credibilidade, por ter acrescentado uma sondagem gerada por Inteligência Artificial (IA) à noticia sobre a morte de uma jovem australiana, no seu portal de agregação de notícias.
Corpo do artigo
O agregador de notícias da Microsoft acrescentou uma sondagem à notícia do "The Guardian" sobre a morte de Lilie James, uma jovem treinadora de polo aquático encontrada morta numa escola, na Austrália. No final do texto surgia a pergunta "Qual é que acha que é a razão por detrás da morte desta mulher?" e três respostas: homicídio, acidente ou suícidio.
Esta sondagem, criada com recurso a IA, indignou vários leitores que deixaram comentários a mostrar o seu desagrado. A questão já foi retirada, mas há imagens a circular nas redes sociais como a que foi publicada pela jornalista do "The Wall Street Journal" Alexandra Bruel, na rede social X, antigo Twitter.
"Esta é a mais patética e desagradável sondagem que já vi", reclamou um dos internautas. Outro leitor defendeu mesmo o despedimento de um dos jornalistas que assinavam a peça em questão, pensando que o inquérito era da autoria do jornal, avança o "The Guardian".
A chefe executiva do grupo Guardian Media Group, Anna Bateson, demonstrou preocupação sobre o incidente com a sondagem gerada por IA, porque causa desconforto à família de Lilie James e "danos reputacionais" ao jornal de referência britânico.
Segundo Anna Bateson, "este é um caso de uso inapropriado de IA pela Microsoft numa história potencialmente angustiante originalmente escrita e publicada pelo The Guardian". A responsável considerou ainda que isto demonstra "o papel importante de uma política forte de direitos de autor para as publicações conseguirem negociar os termos em que o seu jornalismo é usado".
A administradora do grupo de comunicação pretende que a Microsft garanta que não vai aplicar tecnologia experimental em conteúdos do "The Guardian" sem a aprovação do jornal e que, quando essa tecnologia for usada para criar conteúdo adicional, apareça claramente identificado como tal.
Neste sentido, Bateson aconselha as gigantes tecnológicas a reverem "a forma como priorizam a confiança na informação, a justa retribuição por conteúdo jornalístico licenciado e maior transparência para os consumidores".