
Para Colette Avital, Benjamin Netanyahu "não tem tido iniciativa ou direcção clara" além de "dizer não a tudo"
MICHAEL NAGLE / AFP
A ex-embaixadora israelita em Lisboa Colette Avital acredita que Portugal "pode produzir uma iniciativa favorável para os dois lados" e trazer israelitas e palestinianos "de volta à mesa das negociações".
A diplomata acredita que "o Governo português é capaz de produzir excelente diplomacia" de acordo com "a boa tradição diplomática portuguesa" e que com o tempo tem o potencial de "trazer uma resolução útil para os dois lados".
Segundo Colette Avital, que foi candidata pelo Partido Trabalhista à Presidência do Estado Judaico contra Shimon Peres, esta solução passaria por Israel "reconhecer um Estado Palestiniano com a sua capital em Jerusalém Oriental" e que pelo lado palestiniano seja "reconhecida a existência de um Estado Judaico com a sua capital em Jerusalém Ocidental", explicou à Lusa.
Quanto ao papel actual de Portugal como Estado membro da União Europeia, Colette Avital sublinha o papel da Europa como bloco e espera que "o que seja posto em cima da mesa" pela representação europeia seja uma resolução que "possa trazer uma solução positiva para israelitas e palestinianos".
Questionada sobre o voto de Portugal como membro não permanente do Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas (ONU) sobre a proposta palestiniana de fundação de um Estado independente, Colette Avital prefere "não arriscar expectativas" até ao último momento e salienta que "tudo está em aberto" dado que ainda não se sabe ao certo "se a petição palestiniana irá de fato chegar ao CS".
Colette Avital aproveitou para sublinhar que acredita que "os palestinianos devem ter o seu próprio país", alertando, no entanto, que a iniciativa palestiniana que pretende "uma declaração (de soberania) na ONU sem negociações" com Israel, "não trará uma solução a nenhum dos problemas que estão em cima da mesa e não trará nenhuma solução para a questão das fronteiras de Jerusalém, dos colonatos ou dos refugiados (palestinianos)", resumiu.
Para a antiga embaixadora de Israel em Portugal estas questões "apenas poderão ser solucionadas depois das partes se sentarem e discutirem" e recorda que Israel teve "uma boa experiência com os palestinianos no passado" quando "houve um governo israelita sério" e de fato se "avançou".
Colette Avital aponta como razões para o impasse o governo de Benjamin Netanyahu que, segundo afirma, "nos últimos dois anos não tem tido iniciativa ou direcção clara" além de "dizer não a tudo".
"O não também é uma direcção, mas o 'status quo' existente vai contra os interesses do Estado de Israel, especialmente agora, em tempos em que tudo está em ebulição no Médio Oriente e vemos o que está a acontecer nas ruas do Cairo e noutros países", alertou.
Colette Avital deixa uma mensagem para Netanyahu e insta o primeiro ministro do Estado Judaico "comece a pensar no que pode fazer de positivo" para que Israel "possa encabeçar alguma forma de paz com os seus vizinhos".
"O meu conselho é que (Netanyahu) tenha a iniciativa de pôr sobre a mesa um plano de paz sério", conclui.
