Português, natural de Vale de Cambra e ultra católico. Alcides Martins, de 70 anos, está bem posicionado para ser o próximo Procurador-Geral da república do Brasil. Basta esperar que Bolsonaro não faça nada, nos próximos 20 dias, para suceder à atual titular, Raquel Dodge.
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A escolha do próximo Procurador-Geral da República (PGR) do Brasil está a revelar-se um parto difícil para Jair Bolsonaro. A inação, ou indecisão, do presidente brasileiro pode redundar num golpe de mestre, que levará um juiz nascido em vale de Cambra à chefia do Ministério Público canarinho.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, revelou que Jair Bolsonaro pensa deixar o subprocurador-geral Alcides Martins como líder interino da PGR, após o fim do mandato da atual titular, Raquel Dodge, no dia 17 de setembro.
Principal assessor de Bolsonaro para a sucessão da PGR, Jorge Oliveira garante que um período de interinidade, mesmo sem a indicação de um novo titular, tem cobertura legal. Segundo o site de política brasileira, alinhado à direita, "O Antagonista", Bolsonaro confidenciou aos amigos que vai adiar "por tempo indeterminado" a escolha do novo PGR.
"O presidente tem conhecimento de que não havendo (a nomeação), o MP não fecha as portas. O Dr. Alcides, que não conheço pessoalmente, tem as melhores referências de que é um excelente quadro dentro do MPF e que pode conduzir o órgão da maneira mais institucional possível", disse Jorge Oliveira, citado pela revista "Veja".
Assim, a 18 de setembro, se nada mudar até lá, Alcides Martins, atual vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal, assumirá, interinamente, o cargo de PGR do Brasil.
"Martins é tudo que Bolsonaro sempre quis: ultra-católico, conservador e discreto", escreve a jornalista Constança Rezende, do Estadão, num artigo sob o título "jogada de mestre de Bolsonaro pode levar ultra-católico a assumir PGR."
Se optar por Alcides Martins, o presidente do Brasil tem duas vantagens, leia-se, menos dois conflitos: Evita desgastar-se com o Parlamento, uma vez que, por lei, o novo PGR não precisa de ser aprovado pelo Senado; por outro lado, se não gostar do desempenho do desempenho do português, pode demiti-lo a qualquer momento.
"Um interino significa que teremos um PGR tampão, sem qualquer independência porque ficará com receio de desagradar o presidente. E ser removido por ele a qualquer momento", defende um procurador não identificado numa reportagem do Estadão.
O presidente brasileiro já sinalizou que não quer nenhum dos três nomes já aventados para o cargo e escolher alguém fora desta lista poderia hostilizar o MP. Assim, deixar o cargo para alguém que já foi eleito pela classe, uma vez que é vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal, poderia agradar à magistratura.
Outro conselheiro importante do presidente no assunto, o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), André Luiz Mendonça, disse que não há definição sobre se haverá interinidade. "A Dra. Raquel Dodge é um excelente nome, assim como outros nomes", disse, não descartando a recondução da atual titular da pasta.
Uma hipótese que também não é descartada pela Secretaria-Geral da Presidência, que engloba a Subchefia de Assuntos Jurídicos. "É um período da escolha do presidente, seja pela recondução da Dra. Raquel, ou qualquer outro nome, ou mesmo efetivação do Dr. Alcides. São possibilidades que se tem", disse Jorge Oliveira, em declarações ao portal de notícias "Terra".