As autoridades portuguesas confirmam que há um português entre os desaparecidos do atentado que, quinta-feira, matou pelo menos 16 pessoas em Marraquexe. O rapaz, de 23 anos, nascido na Suíça, chegou a Marrocos acompanhado de três amigos.
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De acordo com fonte do gabinete do secretário de Estado das Comunidades, há "uma forte probabilidade" de uma das vítimas mortais do ataque ter nacionalidade portuguesa.
A "confirmação oficial" será divulgada este Sábado, depois do reconhecimento dos corpos ainda não identificados.
Os quatro amigos, dois rapazes e duas raparigas, chegaram a Marrocos no domingo de Páscoa. Estavam na esplanada do café Argana, na célebre praça Jamaa el-Fna de Marraquexe, pouco antes do meio-dia, quando ocorreu a explosão que fez 16 mortos e duas dezenas de feridos, quase todos estrangeiros.
O Departamento Federal dos Negócios Estrangeiros afirmou aos jornais suíços que um colaborador da Embaixada suíça está em Marraquexe para acompanhar a investigação dos dois rapazes, que continuam desaparecidos.
E avançou que ainda há a esperança de que estejam vivos, uma vez que três dos 20 feridos que estão no hospital continuam por identificar. A Polícia científica já recebeu, via Interpol, um pedido de recolha de dados que permitam fazer a comparação entre o ADN do português e esses feridos. A resposta deverá ser conhecida também este sábado.
Bomba accionada à distância
Apesar de o atentado ainda não ter sido reivindicado, as autoridades marroquinas consideram que a al-Qaeda está entre os suspeitos de ligação ao atentado, que usou um engenho explosivo accionado à distância .
"As investigações mostraram que a bomba era composta por nitrato de amónio e explosivo TATP", afirmou ontem o ministro do Interior marroquino, Taeb Cherkaoui, durante uma reunião da comissão parlamentar em Rabat.
O TATP é um explosivo químico utilizado por extremistas islâmicos, o mesmo que foi usado nos atentados de Londres em 2005, que causaram 56 mortos e 700 feridos.
"Os que têm por hábito utilizar este modo de acção à distância são conhecidos, o que nos permite pensar que os perigos ainda estão presentes e que devemos continuar vigilantes e prudentes", adiantou o ministro.
Um vídeo atribuído à organização al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI), colocado na Internet, ameaçava Marrocos três dias antes do atentado. Colocado no YouTube a 25 de Abril, o vídeo mostra cinco jovens armados. Um deles, de cara tapada, anunciava a sua determinação em defender os prisioneiros detidos em Marrocos.
"Dirijo-me ao mundo muçulmano em geral e a Marrocos em particular, que conduz uma guerra contra os muçulmanos", diz o jovem, apresentado como marroquino e membro da AQMI. Aos "infiéis de Marrocos e aos seus cães cúmplices", o jovem assegurava : "nós estamos aqui".
O porta-voz do Governo, Khalid Naciri, já assegurou que o atentando não interromperá o processo de reforma constitucional anunciada pelo rei Muhammad VI a 9 de Março.
O atentado foi alvo de condenação internacional, inclusivé por parte de Cavaco Silva, que ontem enviou uma mensagem de condolências ao rei, considerando que o ataque merece a "mais enérgica condenação e repúdio".