O português que sobreviveu com ferimentos ligeiros a um acidente de elétrico em Londres, Inglaterra, onde, esta quarta-feira, morreram sete pessoas, criou uma página para angariar fundos para as vítimas.
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Rui Sá, de 31 anos, admitiu ter ficado chocado com aquilo a que assistiu, nomeadamente outros passageiros com membros presos debaixo das carruagens.
O português, natural de Paredes de Coura, no Reino Unido há 16 anos, afirmou ter recebido apoio do patrão da empresa de construção civil onde trabalha, mas acredita que outros feridos e respetivas famílias não tenham a mesma sorte.
"Felizmente tenho um bom patrão, mas muitos vão ter de ficar tempo sem trabalhar. Eu sou o único que trabalha cá em casa, dois filhos e uma esposa que estuda. Se me tivesse acontecido a mim ia tudo por água abaixo, a casa e tudo", disse à agência Lusa.
Rui Sá usa este transporte há quase uma década e não pensa que tenham sido afetados mais portugueses devido à hora em que aconteceu, apesar de aquela zona ser uma área onde o número de residentes portugueses tem aumentado.
Contactado pela Lusa, o Consulado-Geral de Portugal, que tem estado a acompanhar este incidente, indicou não ter ainda informação das autoridades de vítimas de nacionalidade portuguesa.
Rui Sá sobreviveu com pequenos ferimentos no ombro, pescoço e tornozelo, admitiu estar "afetado psicologicamente" pela dimensão do acidente.
http://www.jn.pt/mundo/interior/dezenas-de-feridos-em-descarrilamento-de-eletrico-em-londres-5488163.html
Após o descarrilamento, contou, ele e outros passageiros tentaram ajudar os feridos mais graves, falando e dando água enquanto esperaram que os bombeiros os libertassem dos destroços, quase uma hora depois.
Juntamente com a esposa, Susana Gaião, criou a página de angariação de fundos, que pretende angariar 70 mil libras (80 mil euros) para ajudar os feridos e as famílias das vítimas enquanto não são pagas indemnizações.
"Essas famílias precisarão de ajuda emocional que receberão de médicos e entes queridos, mas também vão precisar de ajuda financeira para subsistir. Queremos angariar dinheiro para as famílias daqueles que perderam um ente querido ou para as pessoas cujo próximo tenha sido seriamente ferido no acidente e, portanto, não é capaz de trabalhar e apoiar a sua família financeiramente", lê-se na página.
As autoridades britânicas suspeitam que o elétrico tenha descarrilado devido ao excesso de velocidade, tendo esta quinta-feira libertado o condutor sob caução enquanto investiga as circunstâncias do acidente.
O transporte, o único deste tipo em Londres, opera desde 2000 ao longo de 28 quilómetros, tendo no ano passado transportado mais de 27 milhões de passageiros.