Natural de Tomar, Nuno Marques, 42 anos, foi reeleito vice-presidente da Câmara de Notodden, na Noruega, apesar de o seu partido, Senterpartiet, ter perdido dois deputados municipais, nas eleições de 11 e 12 de setembro. O português vai manter o pelouro da administração interna do município.
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Apesar de reconhecer que o governo, que resulta de um acordo pós-eleitoral com vários partidos, entre os quais o Senterpartiet, “não tem feito um bom trabalho”, Nuno Marques revela ao JN que foi o candidato mais votado do seu partido em Notodden: 30% contra 24%, há quatro anos.
O candidato do partido do centro foi eleito, pela primeira vez, há quatro anos. “Quando as pessoas me encontravam na rua diziam-me que queriam que continuasse com a presidente [Gry Fuglestveit], que é muito popular”, conta. “E os outros partidos também me apoiavam tanto para presidente, como para vice-presidente”, garante. “Fiquei muito feliz por isso.”
A viver na Noruega desde 2004, Nuno Marques mudou-se para Notodden quatro anos depois para jogar futebol no clube local, ao qual continua ligado, e onde conquistou a simpatia dos adeptos. Além disso, é professor na Universidade de OsloMet e publica artigos em jornais sobre temas atuais, que contribuíram para lhe dar visibilidade. “Sei que tenho feito um bom trabalho. Esta reeleição é sinal de que as pessoas gostam de mim e que sou muito respeitado, não só a nível local como nacional.”
Candidatos escolhidos pelos eleitor
O vice-presidente da Câmara de Notodden explica que na Noruega existe um boletim de voto por partido, onde constam o nome dos candidatos, à frente dos quais os eleitores podem colocar cruzes, para garantir que são eleitos. Além disso, existe um espaço em branco onde podem acrescentar o nome de mais dez candidatos de outros partidos com os quais se identifiquem.
“No final, faz-se uma contagem dos candidatos mais votados e o que pode está em 10.º lugar pode ir parar ao 2.º”, exemplifica Nuno Marques. “Eu era o primeiro candidato da lista e fui o que tive mais votos no meu partido. Em 218, fui o 3.º mais votado”, garante. “Fui dos poucos que me mantive, tal como a atual presidente, entre as listas de todos os partidos.”
Este ano, foram a eleições em Notodden nove partidos. “Ganhou o mesmo partido e nós descemos do terceiro para o quarto lugar”, refere o autarca. “Somos quatro partidos em coligação, porque o partido mais votado não fica automaticamente com a presidência”, esclarece. A prova disso é que Nuno Marques foi escolhido para vice-presidente. Gry Fuglestveit mantém-se como presidente, eleita pelo Arbeiderpartiet.
Outra diferença em relação a Portugal é que o número de candidatos por partido não é fixo. A lista do Senterpartiet tinha 25 candidatos, mas o sistema eleitoral permite que tenham 41 candidatos. Os 11 deputados da Câmara de Notodden são nomeados pela Assembleia Municipal.