Português violou mulher "dezenas de vezes" e atirou carro de penhasco na Suíça para a tentar matar
Um português que atirou o carro de um penhasco para tentar matar a mulher e suicidar-se foi condenado a 12 anos e três meses de prisão. Foi também acusado de violação e coerção sexual. A sentença foi confirmada esta semana pelo tribunal penal suíço de Neuchâtel.
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Os factos ocorreram em 15 de fevereiro de 2022, quando o homem de 50 anos tentou cometer suicídio e matar a mulher, atirando o carro de um penhasco em Roches-de-Moron, na Suíça. O carro caiu 135 metros e parou contra árvores.
O português, que chegou à Suíça de Portugal em 2013, foi também acusado de coerção sexual e violação da mulher "dezenas de vezes". De acordo com o "La Liberté", a coerção era exercida por meio de força física, pressão psicológica e chantagem, exigindo compensação sexual pela compra de roupas.
Segundo o juiz Nicolas de Weck, "a violência apareceu" depois de um ano de convivência, incluindo ameaças, ciúmes, e vigilância.
A defesa argumentou que o réu não utilizou força e a mulher tinha "possibilidade de fuga". "Ela tinha muitas oportunidades de escapar, por exemplo, indo à casa-de-banho, porque o marido adormecia. Ela também podia gritar ou pedir ajuda ao filho no quarto ao lado ou à amiga de Portugal que estava hospedada lá", explicou a advogada Zélie Jeanneret. "A vítima não era uma pessoa solitária, isolada e sem rumo. Não podemos falar de submissão".
“Ela mentiu sobre tudo. O interesse dela é manter-me prisioneiro e receber uma indemnização", disse o acusado. O réu também negou ter ameaçado a esposa ou a ter esbofeteado. "Se eu mostrei uma faca, foi para dizer-lhe que preferia matar-me do que vê-la a trair-me", disse, segundo a imprensa suíça.
O acusado apelou para que a sua pena fosse reduzida em quatro anos. "O exame psiquiátrico demonstrou que o réu apresenta libido intensa, hipersexualidade, caráter impulsivo e não é capaz de autorregulação", segundo o Ministério Público suíço. A vítima não era "livre para fazer o que quisesse e estava sujeita a vigilância constante".
Já o advogado da defesa, Didier de Oliveira, disse que a mulher "vivia num clima de terror". "Ameaças de morte eram diárias. O seu medo de morrer era omnipresente", explicou. "A minha cliente está com medo de que o ex-marido seja libertado da prisão. Além disso, vemos que o réu não tem remorso algum e está em total negação".
Os juízes consideraram as declarações da reclamante confiáveis, descrevendo-a como uma "personalidade bastante benevolente que não acusou o réu". Ao mesmo tempo, destacaram a baixa credibilidade do réu e suas declarações contraditórias, principalmente no que se refere à frequência das relações sexuais do casal.
O Tribunal Penal de Neuchâtel confirmou a sentença de primeira instância de 12 anos e três meses de prisão. Além da pena, o homem terá de ter acompanhamento psiquiátrico. Será também expulso durante 10 anos de território suíço, segundo determinado pelo tribunal em novembro de 2023.