Os dois últimos dias têm sido muito agitados para o português Luís Neves, investigador na Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, porque os alertas de tornado têm-se repetido e há suspeitas de que outro esteja por horas.
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Em conversa telefónica com a agência Lusa, Luís Neves contou que a zona onde reside, e na qual não conhece outros habitantes portugueses, não sofreu estragos, apesar de a cidade (Norman) se situar a 10 minutos do local onde se formou o tornado que na segunda-feira devastou algumas cidades do Oklahoma e matou, pelo menos, 91 pessoas.
"É sempre difícil prever onde é que o tornado vai passar, mas, felizmente, não tivemos qualquer dano", disse à Lusa, admitindo que a televisão local está a avisar para um novo possível tornado, "para daqui a duas ou três horas".
Durante o dia de segunda-feira, os habitantes locais estiveram "sob alerta" e "as sirenes estiveram a tocar na cidade".
Assim que recebeu o alerta, Luís Neves, investigador de engenharia biomédica, refugiou-se no campus universitário, porque não tem um abrigo subterrâneo, como a maioria dos seus vizinhos.
Nestes casos, as autoridades "aconselham que nos desloquemos para a divisão mais interior da casa, que não tenha janelas", mas Luís Neves preferiu abrigar-se "nos edifícios da universidade, que são mais resistentes".
"Ontem [segunda-feira] saí de casa à uma e meia da tarde, quando emitiram o alerta de possibilidade de tornado, que era válido até às 10 da noite. Quando cheguei à universidade, estavam a tocar as sirenes, o que significa que temos de nos abrigar imediatamente", referiu o investigador.
Pelo que sabe, não acredita haver portugueses entre as vítimas, que, de acordo com o último balanço, já estejam contabilizados 91 mortos e 175 hospitalizados.
"Estou envolvido com uma associação de 'falantes' de língua portuguesa e tenho conhecimento de que há muito poucos portugueses aqui na zona. Não conheço ninguém que resida nesta cidade", referiu.
Segundo relatou, durante a passagem do tornado, a visibilidade era pouca, sendo apenas possível perceber o céu a ficar "muito escuro".
"Felizmente, não vi nada. A única coisa que vi foi o céu ficar muito escuro", relatou, acrescentando que "os carros passaram a ter as luzes acesas e a iluminação das ruas da cidade acendeu-se automaticamente".
O ambiente "ficou como se fosse de noite e depois voltou a ficar de dia, quando acaba", lembrou.
O investigador português reconheceu que têm "sido dois dias bastante agitados", devido ao tornado em Moore, na segunda-feira, mas também a outros registados no domingo, "entre os quais um que se formou no largo Thunderbirds, que fica a 10 minutos" de sua casa.
Ainda assim, Luís Neves explicou que lidar com estas situações de perigo é uma questão de hábito, até porque já passou por outros tornados nos sete anos que já habita em Oklahoma.
"Tivemos um tornado no ano passado que atingiu mesmo a cidade onde estou, já é habitual. Quando cheguei aqui era tudo novo, hoje em dia tenho uma aplicação no meu telefone que me alerta sempre que há perigo e existe muita informação. Mas é uma questão de sorte", concluiu.
Os ventos do tornado de segunda-feira atingiram os 320 quilómetros por hora, num diâmetro que as autoridades norte-americanas calculam em 3,2 quilómetros, e semearam a destruição num percurso de 12 quilómetros, entre Moore e Newcastle, nos arredores da cidade de Oklahoma.