Foram momentos de "verdadeiro sufoco" aqueles que Angelina Almeida, uma portuense a viver em Bruxelas há cinco anos, passou na manhã desta terça-feira, enquanto não conseguiu ter notícias de Natacha, a filha de 16 anos que iria viajar na linha de metro que passa na estação onde ocorreu uma das explosões que deixaram a capital belga em estado de sítio.
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"Quando se falou num segundo atentado, no metro perto da Comissão Europeia, automaticamente tudo ficou bloqueado. A dada altura, todas as redes de telemóveis ficaram sobrecarregadas, bem como as linhas telefónicas fixas, e ter notícias dos nossos familiares tornou-se muito stressante. Eu cheguei mesmo a ir à escola da minha filha mais velha para saber se estava tudo bem, pois ela tinha uma visita de estudo hoje e deveria apanhar a linha de metro que sofreu o atentado. Quando cheguei à escola, o diretor estava na entrada a tranquilizar os pais: estavam todos ainda no interior da escola e a visita tinha sido anulada. Foi um verdadeiro sufoco...", contou ao JN Angelina Almeida, que ontem gozava o dia de folga.
"Trabalho num hotel na principal estação de comboios da cidade, a Gare do Midi. Tentei falar com os meus colegas, mas sem chance alguma. Estou agora [meio da tarde] a conseguir falar com alguns que estavam a trabalhar e estão todos em choque. O hotel foi evacuado, ninguém pôde pegar em nada pessoal - sacos, roupas, chaves, telemóveis... - e ficaram todos desde as 10.30 horas até às 16 no exterior da estação. O comércio fechou todo ao redor, não tinham o que comer, estavam com frio e foi a algumas centenas de metros que um outro hotel os acolheu durante este tempo de espera", relatou esta portuguesa, de 33 anos.
Angelina descreve ainda um cenário de "caos no centro de Bruxelas": "tudo está fechado, os principais acessos à cidade, as lojas. E os transportes públicos estão suspensos. O regresso a casa torna-se complicado, e mesmo os táxis estão bloqueados no centro da cidade. Para já, sabe-se que as escolas estarão abertas amanhã, mas tudo dependerá das investigações em curso. Estamos todos colados às televisões e rádios para saber como vai ser Bruxelas nas próximas horas e mesmo dias!"