A maioria dos europeus e dos norte-americanos são contrários a uma intervenção militar na Síria, revela o inquérito internacional "Transatlantic Trends 2013", com 80% dos portugueses questionados a rejeitarem uma ação militar contra Damasco.
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A sondagem decorreu entre 3 e 27 de junho, antes do alegado ataque de 21 de agosto com armas químicas nos arredores de Damasco, atribuído às forças do regime.
De acordo com o estudo, os entrevistados foram inquiridos sobre se os seus Governos deveriam ficar fora do conflito ou intervir.
Uma maioria de dois terços dos inquiridos norte-americanos (62%) e mais de três quartos dos inquiridos europeus (72%) afirmou que preferia permanecer fora do conflito. Estas respostas representam um crescimento de 7 pontos percentuais no caso dos inquiridos norte-americanos, e de 13 pontos percentuais nos europeus, em relação aos resultados de 2012.
A sondagem foi conduzida pela "TNS Opinion" nos Estados Unidos, Turquia e em 11 Estados membros da União Europeia: Alemanha, Eslováquia, Espanha, França, Itália, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, Roménia e Suécia.
Relativamente a uma intervenção na Síria, nos EUA apenas um em cada três entrevistados é favorável (30%, representando uma queda de 5 pontos percentuais em relação a 2012); na Europa a percentagem favorável a uma ação militar é menor (22%, ou seja, menos 10 pontos percentuais face a 2012).
Por sua vez, 72% dos entrevistados na Turquia disseram que o seu país deveria ficar fora do conflito sírio (um crescimento de 15 pontos percentuais em relação a 2012), enquanto apenas 21% é favorável à intervenção (um decréscimo de 11 pontos percentuais).
Os inquiridos portugueses responderam que Portugal deve ficar fora do conflito e não intervir (80%, o que representa um aumento de 12 pontos percentuais face a 2012).
Quanto aos desenvolvimentos recentes no Médio Oriente e norte de África, os inquiridos tiveram de escolher uma de entre duas afirmações: "A estabilidade é mais importante, mesmo que isso signifique aceitar um governo não democrático" ou "A democracia é mais importante, mesmo que conduza a um período de instabilidade". A maioria na Europa (58%) e uma grande parte nos Estados Unidos (47%) escolheu a democracia sobre a estabilidade.
A maioria dos entrevistados na Turquia (57%) respondeu preferir a democracia no Médio Oriente e Norte de África; 25% disse preferir a estabilidade, e 18% dos inquiridos disseram que não sabiam ou não responderam.
De referir também que os portugueses se dividiram nesta questão, com 47% a preferir a democracia, e outros 47% a preferir a estabilidade governamental. Seis por cento dos inquiridos não responderam.
Dois anos e meio após o início do conflito na Síria, que segundo as Nações Unidas já provocou mais de 110 mil mortos, os Estados Unidos e a França procuram formar uma coligação para um intervenção militar contra Damasco, após acusarem o regime sírio de um presumível ataque com armas químicas que provocou centenas de mortos nos arredores de Damasco em 21 de agosto.
A "Transatlantic Trends 2013" é uma sondagem anual de opinião pública, conduzida pelo German Marshall Fund of the United States (GMF) e pela Compagnia di San Paolo (Turim, Itália), com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), da Fundação BBVA (Espanha), da Fundação Communitas (Bulgária), do Ministério dos Negócios Estrangeiros sueco, e do Barrow Cadbury Trust (Reino Unido).