Grupo português no Vaticano para assinalar o Jubileu dos Adolescentes está otimista sobre o futuro da Igreja e formula o desejo que próximo conclave vote para colocar um português à frente dos destinos da Igreja Católica. Américo Aguiar e Tolentino de Mendonça são os preferidos.
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Um grupo de peregrinos com camisola verde e algumas bandeiras de Portugal dá nas vistas às portas do Vaticano. São de Ermesinde, nos arredores do Porto, e estão por estes dias em Roma para assinalar o Jubileu dos Adolescentes, que terminou ontem, e aproveitaram para prestar homenagem ao Papa, cujo funeral coincidiu com este momento dedicado aos mais novos.
“Infelizmente, não o vamos rever em vida, mas de alguma forma vai ficar o seu testemunho e todo o seu exemplo de simplicidade, de inclusão, que é uma mensagem que hoje em dia faz mais sentido do que nunca, face até à conjuntura internacional política que estamos a viver”, explica-nos Miguel Sousa, 49 anos, e parte do grupo Droste a Caminho, formando na altura da Jornada Mundial da Juventude e que continuou ativo para preparar esta peregrinação e outras no futuro.
No grupo que inclui jovens entre os 11 e os 25 anos, pais e uma irmã da congregação da Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, está também Nuno Henriques, professor de Religião e Moral, para quem Francisco é claramente uma inspiração.
Sublinha-nos com paixão na voz um pormenor, que talvez não seja assim tão pequeno, do sacerdote máximo da Igreja: os telefonemas diários ao único padre católico de Gaza. “Acho que isto é maravilhoso, mesmo estando doente, nunca deixou de telefonar para esse padre. Revela esta diferença e esta coragem do Papa Francisco em estar atento àquilo que se passa à sua volta, perto dele ou longe. Tocava no coração de cada um como proposta e não como imposição”.
Sobre o futuro, Nuno tem uma visão otimista, querendo acreditar que o caminho trilhado por Francisco “será irreversível”, deixando de lado “pequenas quezílias, pequenas influências, ultraconservadorismos ou fações progressistas”, rótulos que “pouco importam”.
E se o Papa tiver sotaque do Norte?
Mas se a irmã Filomena é mais contida a avançar com nomes para suceder a este Papa, pedindo apenas “que fosse alguém que estivesse aberto aos sinais dos tempos e que não parasse a missão” iniciada neste pontificado que agora terminou, há no grupo quem seja mais concreto a formular o desejo de um Papa português.
Miguel Sousa, pai de duas das jovens do grupo, gostava de ver o cardeal Américo Aguiar no posto mais importante do Vaticano. Sobre ele, destaca o sentido de humor com que se identifica e acrescenta: “tinha muito gosto, ainda por cima uma pessoa do Norte, como nós”, mais concretamente de Matosinhos. E teria uma missão: "que o todos, todos, todos não se perca e que continue até a ser aprofundado".
Já para Nuno Henriques, a Tolentino de Mendonça, “homem da cultura mundial, um dramaturgo, um poeta, um romancista”, poderia servir o anel do pescador, símbolo da autoridade papal. Admitindo que é uma possibilidade um tanto ou quanto remota, assume ainda que é “um português a defender as bandeiras nacionais”, terminando o pensamento sobre o futuro da Igreja com um apropriado “seja o que Deus quiser”.