Em Anaci, a cerca de 300 quilómetros de Caracas, o comércio encerrou e os venezuelanos fecharam-se em casa. Raquel Godinho, uma empresária portuguesa de 35 anos a viver no país, ouvia o vice-presidente Nicolás Maduro na televisão quando contactada pelo JN.
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"Circulavam rumores de que ele já estava morto há uns dias", conta a empresária. "Agora, não sabemos o que vem aí. Esperamos que as novas eleições se realizem daqui a um mês, mas o ambiente continuará muito tenso", diz.
Raquel Godinho confessa que receia que após a morte de Hugo Chavéz a situação na Venezuela possa até vir a ser pior. "Não sabemos o que o futuro nos espera", desabafa.
Para Paulo Cordeiro, a viver em Lecherias, Barcelona, "os próximos dias vão ser de profunda idolatria". Este administrador, de 43 anos, "não espera grandes mudanças" no país. "Nicolás Maduro vai ganhar as eleições e ser o novo presidente da Venezuela", prevê. "Mas não tem o carisma nem a estratégia de Chávez e isso vai criar problemas a médio prazo na sua gestão, podendo utilizar medidas mais anarquistas para segurar a liderança".
Convencido que a Venezuela está a viver o fim de um ciclo, este administrador de empresas acha, no entanto, que vai ser preciso muito tempo para que o país mude politicamente.
A viver na Venezuela desde julho de 2008, Paulo Cordeiro recebeu a notícia da morte de Hugo Chávez tranquilamente. Recorda as declarações dos membros do governo sobre as alegadas conspirações que atribuíram aos EUA a causa da doença de Chávez e de outros líderes da América do Sul e diz que importa perceber como as grandes cidades, como Caracas, Valencia e Maracaibo, vão reagir ao desaparecimento do presidente e às novas eleições.
Em Lecherias, a 320 quilómetros de Caracas, sente-se neste momento "uma profunda tristeza" entre a população, relata. "Quando recebi a notícia estava na rua e tudo estava dentro da normalidade, embora as autoridades tivessem recomendado à população que ficasse em casa", onde as memórias de Chávez permanecem na televisão nacional.